Senadores da base aliada ao governo seguem nesta quarta-feira (24) para a Venezuela para desfazer, segundo eles, o “desastre” que foi a ida da comitiva de colegas da oposição ao país vizinho, na semana passada. O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) afirma que a comitiva anterior, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB), foi convidada para integrar o grupo, mas o convite não foi aceito.
Para o senador, a comitiva oposicionista deveria ter ido como um grupo partidário, visto que para ir como uma missão oficial do Senado deveriam ter uma “postura equilibrada”, disposta a dialogar com todas as partes envolvidas, oposição e governo. Nas palavras de Lindbergh, eles deveriam ter agido como “bombeiros e não como incendiários”.
“Ao contrário da outra comitiva, vamos ter uma participação pautada na sobriedade e no diálogo. Temos um compromisso com a democracia e defendemos a realização das eleições no país venezuelano. Vamos consertar um pouco a situação de embaraço diplomático criado pela comissão anterior”, afirma.
Os oposicionistas foram à Venezuela após uma articulação com o setor mais extremista da oposição local. Queriam visitar o líder das manifestações do início de 2014, Leopoldo López, que, segundo o Lindbergh, incitou a violência e disse que não enxergar mais nenhuma saída para o seu país pelo processo eleitoral.
Durante os protestos e barricadas incentivados por López, 43 pessoas morreram, entre elas, sete membros da Guarda Bolivariana Nacional, o que seria o equivalente a Polícia Militar naquele país. Três deles foram assassinados com tiro na cabeça.
Lindbergh é categórico ao afirmar que os senadores foram para a Venezuela “armar um espetáculo”, um “show” para interferir na política interna do país e fizeram isso de forma irresponsável. “Estão aumentando a importância de si na Venezuela. O problema com o trânsito foi causado por um caminhão e a chegada de uma pessoa que havia assassinado uma professora grávida durante umas dessas barricadas”, diz.
Defendendo o governo brasileiro e pontuando as inverdades ditas pelos senadores na volta da viagem, Farias explica que o embaixador do Brasil no país, Ruy Pereira, ao contrário do que foi dito, não desapareceu e avisou que não acompanharia a comitiva dos parlamentares brasileiros.
“Imaginem o embaixador na mesma van em que estavam presentes representantes da oposição mais radical da Venezuela. Isso fere todas as regras diplomáticas. Seria uma séria interferência de um representante do governo em uma comitiva completamente oposicionista”, afirma.
A comitiva irá se encontrar com um integrante do governo local, com o governador do estado de MIranda e oposicionista Henrique Caprilles, com comitê de vítimas das barricadas, com as mulheres dos presos e com parlamentes.
Por Danielle Cambraia, da Agência PT de Notícias