Restaurar com reflorestamento, até o ano de 2030, uma área de 12 milhões de hectares de florestas, equivalente à metade do estado de São Paulo, e alcançar até lá a implantação de 20% da matriz energética brasileira com fontes alternativas e renováveis. Essas são apenas algumas das ambiciosas metas do Brasil a serem apresentadas à conferência das partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), que acontecerá em Paris, na França, entre os dias 30 de novembro e 11 de dezembro.
O evento está definitivamente marcado pela tragédia terrorista do início deste mês. Os atentados do dia 5, em Paris, levaram os organizadores da COP21 a cancelarem a programação cultural do evento, até então uma das principais atrações da capital francesa para a conferência.
Mas as reuniões técnicas estão mantidas e vão reunir dezenas de presidentes, cerca de 190 chefes de estado e especialistas de 196 países. Será uma demonstração de solidariedade e apoio à população local, traumatizada pelos atentados e a caça aos terroristas no dia 18, quando o organizador dos atentados foi morto pela polícia francesa.
Apesar do clima pelos atentados, o Ministério das Relações Exteriores está otimista com a reunião, conforme manifestação de um dos líderes da delegação brasileira, embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho.
Na semana passada, Marcondes disse estar confiante na conquista de um consenso geral para cortar a emissão de carbono do mundo. Ele informou que o rascunho do acordo sobre Mudança do Clima das Nações Unidas está pronto e será colocado em discussão para votação em Paris.
“O importante é que está havendo a apropriação do debate por parte das nações”, avaliou Marcondes ao portal do Ministério do Meio Ambiente.
Segundo o portal, 160 países já apresentaram suas metas nacionais de corte das emissões de gases de efeito estufa. A perspectiva é que a adoção e aplicação dessas metas limitem em até 2 graus centígrados (2ºC) a temperatura da Terra.
Mais que dobrar – Considerada toda a capacidade de geração de energia brasileira, as chamadas fontes alternativas renováveis (eólica, dos ventos; solar, dos raios do sol; e biomassa, da cana de açúcar e outros sólidos) respondem por 14% da produção nacional, segundo dados do Instituto Acende Brasil.
As fontes mais tradicionais de geração (hidráulica e térmica), são responsáveis por 86%. Ou seja, para alcançar a meta a ser levada a Paris, o Brasil terá mais que dobrar o uso dessas fontes alternativas em 15 anos.
Tais metas já fazem parte de um acordo entre o Brasil e Estados Unidos, que foi anunciado durante visita da presidenta Dilma Rousseff àquele país em agosto, para abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
O anúncio de metas comuns com os EUA, ao lado do presidente Barack Obama, estabeleceu que a matriz energética de ambos os países deve ter uma participação entre 28% a 32% de fontes renováveis até 2035.
A meta desconsidera a produção hidrelétrica, pois, embora a água seja fonte renovável, sua utilização representa um grande impacto ambiental no país.
Projetos em andamento e já licitados pelo governo pode elevar o uso das três fontes citadas a 18,4% até 2020 e, portando, tornar mais fácil alcançar o compromisso a ser firmado na COP21.
O resultado das reuniões programadas pelos governos do Brasil e Estados Unidos para outubro, com objetivo de fechar as propostas conjuntas dos dois países, não foram divulgadas.
Consultados na última semana pela Agência PT de Notícias sobre o assunto, o secretário de Mudanças Climáticas do MMA, Carlos Klink, e o Itamaraty, não se manifestaram.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias