O ex-ministro da saúde, Alexandre Padilha, escreveu sobre o fim da parceria do governo cubano com o programa Mais Médicos depois das inúmeras declarações desrespeitosas do presidente eleito Jair Bolsonaro e suas condições absurdas para continuar investindo no programa, em artigo publicado na Folha de S.Paulo.
“E agora, senhor presidente eleito? O senhor teria a humildade de renegociar com Cuba uma transição, como pedem prefeitos? Vai autorizar, como permite o Mais Médicos, que estados e municípios façam convênio com a Opas, ressarcindo-os?”.
O programa lançado em 2013 por Dilma Rousseff, foi criado por Padilha e atende mais de 63 milhões de brasileiros. Os profissionais cubanos só atendem em cidades onde não há interesse de especialistas brasileiros, já que a prioridade na seleção é de médicos do Brasil.
Em 2016, o programa teve a aprovação de 95% dos seus usuários. Os médicos cubanos correspondem a 47% dos atendentes. “O programa foi aprovado pelo Congresso Nacional, pelo STF, pelo TCU, pela OMS e, posteriormente, pelo governo Temer, que o senhor ajudou a assumir e sustentar”, afirmou Padilha.
Sobre as recentes polêmicas acerca da remuneração dos médicos, Padilha argumenta que é mais uma tentativa de criticar Cuba e explica que “ela é dividida em quatro partes: ao médico no país, à previdência do médico e sua família, ao Sistema de Saúde Cubano, para custear missões como combater o ebola na África”.
Nos cinco anos de existência do programa mais de 20 mil médicos atenderam no Brasil e diversas pesquisas comprovam que isso contribuiu para a redução da mortalidade infantil e da internação por doenças crônicas.
As “condições” de Bolsonaro exigem que os médicos só possam atuar com diploma revalidado e sob contrato individual. Em seu twitter questionou a competência desses profissionais, exigindo que eles façam “testes de capacidade” e enquanto era deputado declarou que expulsaria os médicos do país.
“Senhor presidente eleito, suas declarações já quase significaram perdas no comércio exterior. Agora impactam a saúde dos mais vulneráveis. É melhor já ir se acostumando: o senhor é presidente eleito, não mais animador de redes”, finalizou Padilha.
Da Redação da Agência PT de Notícias