O candidato petista ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, lançou um desafio a Geraldo Alckmin: abrir a torneira dos moradores da periferia para ver se está saindo água. A provocação do ex-ministro da Saúde veio após as declarações do atual governo de São Paulo durante o debate realizado na Rede Globo. Contra todos os indícios, Alckmin disse, com todas as letras, que não falta água em São Paulo.
“Eu faço o desafio da torneira ao governador. Temos até o dia 5 de outubro para irmos à periferia, abrir a torneira das casas dos moradores de bairros de São Paulo, da cidade de Guarulhos ou de Campinas, e ver se sai água, como ele diz”, disse Padilha nesta quarta-feira (2). O candidato disse ainda que Alckmin prioriza o mundo da Disneylândia; enquanto ele, o mundo real das pessoas.
As falas de Alckmin durante o debate geraram grande repercussão. Criticado pelos demais candidatos sobre a falta de investimentos em obras para captação de água e redução de perda no sistema, Alckmin atribuiu a crise hídrica apenas a fatores climáticos. Ele defendeu a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), disse que a empresa investiu mais de R$ 9 bilhões e que dispõe de uma reserva técnica que “nem acham que vão usar”.
“O governador teve a desfaçatez de falar na frente da câmera, para a casa dos paulistas, que não falta água no estado. Ele tem que ser mais humilde. Por isso precisamos ir para o segundo turno, quando estaremos só nós dois nos debates e ele não poderá fugir”, ressaltou Padilha.
Os fatos contrariam a fala de Alckmin. Ainda na semana passada, a Sabesp enviou para a Agência Nacional de Águas (ANA), no último dia do prazo, o plano para retirar a segunda cota do volume morto do Cantareira. O projeto que visa retirar mais de 100 bilhões de litros do sistema foi considerado muito fraco pelo presidente da ANA, Vicente Andreu. Diante da negativa, a estatal pediu prorrogação do prazo de entrega para novo plano para o dia 6, segunda-feira após o primeiro turno das eleições.
Padilha afirmou que se eleito vai combater a crise de abastecimento revertendo os recursos da estatal em obras previstas ainda na outorga de 2004 que não foram feitas até hoje. “No nosso governo, o lucro da Sabesp não vai para acionistas da Bolsa de Nova Iorque”, disse o petista. Vale ressaltar que a Sabesp é uma empresa de capital aberto que apenas no último direcionou mais de R$ 4 bilhões para seus acionistas.
Padilha também reforçou que vai realizar obras para reduzir as perdas de água. Com um índice de perda de mais de 30%, calcula-se que há a perda de uma Guarapiranga [segundo maior reservatório de São Paulo] inteira por ano devido às tubulações antigas e sem manutenção da Sabesp.
Por Camila Denes, da Agência PT de Notícias