O jornal argentino Página 12 publicou nesta segunda-feira (23), na sua versão impressa, nota em que destaca que foram necessários apenas onze dias para que acontecesse o primeiro grande escândalo do governo interino do vice-presidente em exercício Michel Temer. Intitulado “Confissões de um golpista“, artigo refere-se ao vazamento de áudios de conversas entre o senador e ex-ministro do planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Para o periódico, “enquanto o governo tenta conseguir legitimidade e desfazer a imagem de que o que aconteceu no Brasil foi um golpe constitucional sob uma farsa jurídica”, um de seus homens de confiança aparece em uma gravação “detalhando os passos desse golpe”, eliminando qualquer dúvida que ainda pudesse haver a respeito, diz o correspondente Eric Nepomuceno. E passa a relatar: “Romero Jucá confessa que a ideia era livrar-se da presidenta e, com apoio de ministros do Supremo Tribunal Federal e alguns generais e comandantes importantes das Forças Armadas, instalar Michel Temer na presidência”
“A verdade é que o anunciado governo de salvação nacional nasceu na necessidade de salvar políticos da justiça”, afirma o jornal portenho, e destaca que oito ministros nomeados estão com problemas com a lei – e o próprio presidente em exercício é investigado. “O que chamam de ‘golpe institucional’ serviu para presentear o PSDB o que as urnas negaram nos últimos 13 anos: parcelas de poder”, afirma.
O jornal também destaca que, durante a coletiva em que Jucá anunciou seu pedido de licença, o presidente interino Michel Temer agradeceu a dedicação e trabalho competente de seu ministro. “Porém, Jucá foi ministro por poucos dias e não fez trabalho algum”, alega a publicação. E que o mais provável é que o agradecimento estivesse relacionado ao “golpe institucional que conseguiu afastar a uma mandatária eleita por 54 milhões de votos”. “Por muito menos o senador Delcídio do Amaral foi detido e seu mandato cancelado”, lembra o correspondente.
E afirma categoricamente: “Se essas gravações tivessem sido divulgadas antes, Dilma Rousseff ainda estaria na Presidência. Por que só agora chegaram à opinião pública é algo que as autoridades judiciais tem por obrigação justificar”, conclui.
Volta de Serra
O jornal também destacou a volta do ministro golpista José Serra (PSDB), que antecipou seu retorno da Argentina, assim que soube da crise causada pelo ministro Romero Jucá. Para a publicação, o afastamento do senador teria afetado a capacidade de negociação de Michel Temer e eles também temem que a crise se agrave com a divulgação de novas gravações.
Da Redação da Agência PT de Notícias