E não param de chegar indícios de que as armações de Sergio Moro não têm limites. O último fato que merece uma boa explicação é este: o desembargador que restabeleceu a prisão do advogado Tacla Duran é ninguém mais ninguém menos que o pai de um sócio de Moro.
Para entender o caso: durante depoimento prestado em 28 de março, Tacla Duran disse ter provas de que o ex-juiz da Lava Jato participou de um esquema de extorsão das pessoas investigadas na operação.
Após ter o pedido de prisão contra ele revogado pelo juiz federal Eduardo Appio, novo responsável pela Lava Jato, Tacla Duran viria esta semana ao Brasil prestar novo depoimento e entregar as provas que diz ter contra Moro.
Na última terça-feira (11), no entanto, o desembargador Marcelo Malucelli, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), restabeleceu o pedido de prisão preventiva, o que fez Duran desistir de voltar da Espanha.
Pois na quinta-feira (14), diferentes veículos, como o jornal O Globo e a revista Veja, confirmaram que Malucelli é pai do advogado João Eduardo Barreto Malucelli, genro e sócio de Moro e sua esposa, Rosângela.
Juiz suspeito e, agora, investigado
Quando foi juiz da Lava Jato, Moro cometeu uma série de abusos e ilegalidades, como mais tarde foi comprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o considerou incompetente e suspeito, e também pela ONU.
O maior abuso foi, sem dúvida, a condenação sem provas de Lula para alterar os rumos das eleições de 2018. Mas, segundo as denúncias de Tacla Duran, o ex-juiz também estava ganhando muito dinheiro no esquema que forçava investigados a fechar acordos de delação premiada.
Quando era juiz, Moro impediu por diversas vezes que Tacla Duran prestasse depoimento e pediu à Interpol a prisão do advogado. A instituição policial, no entanto, retirou o nome de Duran de sua lista de procurados após constatar que Moro não dava a ele condições de ampla defesa.
Agora, o ex-juiz virou investigado. E, por ser senador, o caso está sob responsabilidade do STF. Em entrevista ao site Opera Mundi, o advogado Carlos Alberto Kakay, que chegou a representar Tacla Duran, disse que é fundamental que as ilegalidades da Lava Jato continuem a ser apuradas.
“Veja como é grave. As pessoas indicavam o Tacla Duran como testemunha, mas – eu nunca vi isso em 40 anos de avocaria criminal – o Moro não aceitava que ele fosse testemunha, porque não queria ouvi-lo. (…) O doutor Moro, hoje senador, e alguns procuradores estão sendo investigados e têm que ser investigados”, disse.
Da Redação