“O trabalho de reconstrução da Fundação Palmares em pouco mais de um ano permite que a população brasileira volte a querer desejar uma fundação com tudo que ela representa. A Palmares hoje é a porta aberta para projetos interessantes para o nosso povo. Vários editais ligados à filosofia, ligados à música, ligados à memória, ligados à religiosidade. E, ao mesmo tempo, realiza parceria com várias organizações, principalmente as universidades federais”, destacou ele.
João Jorge citou a importância de o Dia da Consciência Negra se transformar em feriado nacional, após mais de 400 anos de história colonial do país, como um dos exemplos de reconstrução da fundação.
“Foi preciso chegar no governo do presidente Lula, na gestão da ministra Margareth Menezes e na nova Palmares e o Ministério da Igualdade Racial para que, juntos, a gente construísse uma data da referência, referência para o povo preto, para o povo negro, para o povo indígena, para os povos tradicionais, para o povo brasileiro como um todo, um feriado dedicado à nossa história cultural. E a Palmares está sendo reconstruída a partir desses princípios dos quilombos, da religiosidade, espiritualidade do nosso povo, da construção da democracia, da qual nós somos parte importante”, enfatizou.
Durante a sua entrevista à TvPT, João Jorge lembrou também das tentativas de destruição dos principais objetivos da Palmares durante o governo passado sob a gestão desastrosa do antigo presidente que atuava de forma violenta contra o movimento negro.
“Agora, a atual gestão funciona totalmente diferente da passada. Na gestão passada, o antigo dirigente falava contra o movimento negro, para se ter ideia ele denominou um prêmio de fotografias como Prêmio Princesa Isabel. Nós repetimos a edição desse prêmio agora com o nome de Januário Garcia, um dos maiores fotógrafos negros do mundo. A gente mudou a imagem da Palmares, que era um símbolo neutro para um símbolo da justiça. Fizemos várias reparações jurídicas, principalmente com relação ao ato que eliminava as personalidades negras, como Benedita da Silva, Zezé Mota e Abdias do Nascimento, do site oficial da fundação. Então nós estamos ajustando a Palmares, para ser o que ela era antes de uma gestão desastrosa”, celebra.
“A Biblioteca Oliveira Silveira, com seus mais de nove mil volumes, que teve vários dos seus títulos ameaçados de serem destruídos, agora funciona normalmente na nova sede da Palmares e estamos preparando a digitalização de todo o seu acervo. Então, nós estamos executando várias medidas para que a nova Palmares seja parte da vida do povo brasileiro. Isso exige união, isso exige reconstrução, isso exige que todo governo atue para que a Palmares continue crescendo e não volte a ser um órgão destruído, desqualificado e sem dignidade”, afirma João Jorge sobre a recuperação da função da instituição.
Segundo o presidente, até mesmo a relação como corpo de funcionários e funcionárias da Fundação Palmares mudou completamente com a nova gestão, onde todos são parceiros e entusiastas das ações.
“A Palmares tem uma missão histórica, a missão que foi nos dada pelos nossos antepassados, que é tratar bem da população negra, ajudar no desenvolvimento dessa população e criar mecanismos permanentes de políticas públicas para que isso funcione”, alertou ele.
João Jorge Rodrigues informou na entrevista que a Fundação Palmares ampliou a sua atuação no país e hoje tem representações oficias na Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, e que o objetivo é que a instituição sirva e defenda os interesses da população negra de norte a sul do país.