A mobilização dos funcionários da Petrobras contra os abusos da empresa segue no centro do debate político desde sábado (1º), quando deu início a greve geral e a consequente ocupação de um dos andares da sede da petroleira no Rio de Janeiro. Três dias depois, os 6.700 trabalhadores de dez Estados do País seguem de braços cruzados à espera de resposta da estatal sobre os abusos cometidos na demissão em massa da subsidiária Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen), em Araucária (PR).
Para o dirigente da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, a demissão em massa “fere o acordo coletivo firmado entre a Petrobras e seus funcionários” e tem claras intenções políticas. ” A Petrobras, no final do mês de janeiro, anuncia a paralisação da fábrica do Paraná e a demissão de mais 1 mil funcionários, desrespeitando o acordo coletivo da categoria que define a forma como se pode demitir. A postura nefasta da empresa se devem à vontade do governo de colocá-la à venda”, explicou em entrevista publicada pelo Coletivo Resistência.
Moraes lembra ainda que a greve, ao contrário do que propaga a direção da estatal, é justamente para defender o futuro da petroleira e seus funcionários: “É uma grave convocada pela FUP com a adesão de diversos outros sindicatos e que busca garantir os direitos dos trabalhadores que estão sendo atacados pela Petrobras. A empresa quer implementar regime de trabalho sem discutir com seus trabalhadores. Querem impor regimes e escalas de trabalho como nunca antes haviam feito”.
Cárcere privado e mais abusos
Os sintomas de um país governado sob a cartilha do autoritarismo têm atingido em cheio as relações trabalhistas – como esquecer a retirada sistemática de direitos proposta pelo desgoverno de Jair Bolsonaro? Na Petrobras, claro, os abusos contra quem dá o sangue para manter a empresa como uma potência mundial também têm sido regra desde então.
Já no primeiro dia de greve, a direção da empresa cortou água e energia do andar ocupado pelos sindicalistas – medida somente revertida após decisão judicia sob pena de multa de R$ 100 mil por hora de descumprimento.
Mas os abusos não pararam por aí. A empresa negou a entrada de uma cesta básica e impediu que parlamentares visitassem os grevistas. Em Minas Gerais, o caso foi ainda pior: 37 petroleiros foram mantidos em cárcere privado dentro da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, desde as 23h30 da sexta-feira (31). A petroleira tentou impedir a adesão dos trabalhadores à greve e os manteve presos dentro da fábrica. Todos foram libertados nesta segunda (3).
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações da FUP