Para o prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT), a população não está tendo acesso às informações sobre as ações da Prefeitura nos últimos três anos porque há um bloqueio midiático. Reunido com cerca de 200 pessoas da militância do Partido dos Trabalhadores (PT) de bairros da zona Noroeste, como Lapa, Perus, Pirituba, Casa Verde, Brasilândia e Freguesia do Ó, o prefeito convocou a todos para iniciar um trabalho de base, de conversas e debates, explicando à população as mudanças que ocorreram na cidade em sua gestão, já que a mídia local não faz seu papel de informar – ao contrário, apenas desinforma.
“Governamos bem a cidade. Foi um governo de entrega”, afirmou ele. “É necessário fazer um trabalho boca a boca desde já. Ninguém resiste a uma cantada quando a tese é boa. Nós temos o melhor projeto”, reforçou.
O vereador e presidente do diretório municipal do partido Paulo Fiorilo (PT) estava presente no ato e presidiu a mesa, que contou com a presença de parlamentares. Durante a plenária, o prefeito ouviu as colocações da militância e dos diretórios zonais do PT nos bairros da zona Noroeste.
Para o prefeito, o Brasil vive o pior momento da política. Ele lembrou do caso da Senadora Marta Suplicy (PMDB), que foi eleita pelo PT em São Paulo, mas mesmo assim abandonou o partido e ainda votou pelo impeachment ilegítimo contra a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT). “Em troca do voto pelo impeachment, ela conseguiu a legenda para disputar em São Paulo. Isso não é política. Isso é feira, é fraude”, criticou.
Ele reafirmou que o principal diferencial do PT é a sua capilaridade e sua presença nas bases, junto à população. “Política é projeto coletivo, é ideário”, disse. “O meu mandato não é meu. Se não fosse vocês, não chegaria a 5% dos votos em 2012”. O problema, segundo Haddad, é que a população está confusa e não sabe diferenciar o que é iniciativa do governo estadual, municipal ou federal. “Falta informação. Tem gente que acha que a crise hídrica ou a violência policial (responsabilidades do governo estadual de Geraldo Alckmin, do PSDB) são coisa nossa”, afirmou ele. “Nunca a militância foi tão importante para esclarecer. Senão, vamos perder um projeto transformador”.
Um exemplo é instalação de lâmpadas Leds por toda a cidade, uma iniciativa da Prefeitura. Cerca de 20% a 30% das periferias já estão iluminadas por Led, uma tecnologia mais potente e econômica. Até o fim do ano, cerca de 40% dos bairros já terão a nova iluminação. “A pessoa que está com a iluminação sabe a revolução que foi”, disse. O problema, explicou, é que muita gente ainda atribui as mudanças à uma iniciativa da Eletropaulo, companhia que fornece a energia elétrica, embora a Eletropaulo não tenha tido nenhuma participação na mudança. Foi uma iniciativa do município.
Haddad lembrou que mesmo com uma queda de 5% do PIB no período em que esteve no cargo, ele foi o prefeito que mais investiu na cidade, com R$ 17 bilhões. Citou iniciativas como o hospital de Parelheiros, que está quase pronto, e o de Brasilândia, iniciado no ano passado. Também mencionou a obra de drenagem nos bairros do Sumaré e Água Preta, além das 90 mil vagas de educação infantil já abertas – até o fim do ano, serão 100 mil.
“Quem é que não ganhou tempo no transporte público?”, questionou o prefeito. É de seu mandato a criação de faixas e corredores exclusivos para ônibus em toda a cidade. “Em qualquer área que for questionado, eu provo que a gente fez mais”, afirmou. Ele citou também as demarcações de terras indígenas no Jaraguá e em Parelheiros, a entrega de três teatros novos e a reabertura de dois planetários. “O que de mais moderno tem no mundo está acontecendo em São Paulo”, disse.
Sobre o combate à corrupção, Haddad destacou que, com a implantação da Controladoria Geral do Município, foram recuperados R$ 278 milhões roubados nas gestões anteriores.
Também presente no ato, o deputado federal Vicente Cândido afirmou que o PT esclarecerá qual será seu programa de governo. Na última quinta-feira (9) o prefeito realizou a Abertura do Processo de Discussão do Programa de Governo, que terá coordenação de Cândido.
Golpe e retrocesso
Haddad afirmou que aqueles que estão implantando o retrocesso no governo federal, na gestão do golpista de Michel Temer (PMDB) voltam os olhos para a cidade de São Paulo. “Sobramos nós aqui. Vão tentar terminar o serviço aqui”, reforçou.
Ele destacou que está de olho nas alianças que serão feitas nestas eleições, e que reconhecerá o valor de quem esteve do lado da democracia e se posicionou contra o impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff (PT).”O (Gabriel) Chalita (PDT) foi sondado pela Marta para apoiar o impeachment e ganhar o Ministério da Educação. Mas ele preferiu romper com o PMDB”, afirmou. “Um gesto desses tem que ser reconhecido”.
Presente no evento, o deputado federal Carlos Zarattni (PT-SP) lembrou que a batalha esse ano não será apenas eleitoral. “É uma batalha para reestabelecer a democracia”, disse.
Já o vereador Nabil Bonduki (PT) afirmou que o partido nunca viveu um processo de ataque tão grande, vindos inclusive de ex-aliados. “É um ataque a direitos que foram conquistados”, afirmou ele. Por outro lado, o vereador destacou que “nós nunca estivemos tão mobilizados” e que o PT recupera sua militância de base forte. Já Eduardo Suplicy destacou que o processo de impeachment é totalmente injusto, pois Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade.
Por Clara Roman, da Redação da Agência PT de Notícias