O senador Humberto Costa (PT-PE) foi à tribuna do Senado Federal manifestar repúdio ao golpe em curso na votação do impeachment da presidenta eleita Dilma Rousseff. Em sua fala, ele destacou que há parlamentares que definem seu voto não pela lei ou pelo interesse nacional, mas levando em conta o atendimento ou não de suas vaidades pessoais por parte da presidenta.
“Quero aproveitar este momento, e usando da sinceridade, reconhecer alguns pontos que não foram ditos e que também estão por trás desta decisão de afastar a presidenta: o Congresso Nacional nunca engoliu a presidenta Dilma. Não aceitava seu modo de lidar com a rotina parlamentar”, afirmou.
“Não aceitava sua falta de gosto de fazer a corte àquelas que ficam encantados com os corredores e os gabinetes do palácio do planalto. Tinha pouco tato para negociar cargos e emendas em troca de acordo político. Mas Dilma é assim. Ouvimos aqui reclamações constantes de senadores falando de suas dificuldades em lidar com ela, mas ela é diferente no seu agir em relação aos políticos tradicionais”, completou o senador.
Costa ressaltou ainda a influência das elites e interesses econômicos sobre a campanha antipetista desde o fim das eleições de 2014, que se desenvolveu em boicote no parlamento brasileiro.
“O presidente da Fiesp, que usa o Sistema S para alimentar aspirações políticas, liderou esse movimento. Patrocinaram uma verdadeira sabotagem política. Apoiaram Eduardo Cunha. As propostas do ajuste fiscal, foram todas elas rejeitadas, e, se fossem aprovadas, não precisaríamos estar ainda falando em ajuste. Apostaram na bancarrota do Brasil. Foi a crise política alimentando a crise econômica”.
“E patrocinaram com dinheiro de empresários e partidos os movimentos organizados para desestabilizar o governo Dilma. Mas é isso que é a elite brasileira, muito bem representada pelos derrotados nasquatro últimas eleições. Eles acham que a democracia existe para servi-los, e se não serve a eles, não querem mais a democracia. Desprezam a democracia. São os mesmos que patrocinaram o golpe de 1964”, comparou.
Por fim, o senador ressaltou que somente o retorno de Dilma e, em sua opinião, a realização de novas eleições, podem oferecer legitimidade a um novo governo.
“Podemos entregar o Brasil a um usurpador, que não tem o voto do povo e quer implantar no Brasil um projeto rejeitado pelo povo brasileiro; um projeto que, se aprovado, nos levará ao caos e à crise permanente. Ao invés disso, podemos trazer de volta a presidenta Dilma, fazer um plebiscito e fazer eleições diretas. Sem eleições, sem a vontade do povo, o Brasil vai viver uma crise permanente, sem solução. Não deixemos que a constituição seja violentada. Não deixemos que o Estado Democrático de Direito seja violentado. Não deixemos que a honra de uma mulher digna seja violentada. Não deixemos que a história do Brasil seja violentada”, concluiu.
Da Redação da Agência PT de Notícias