A discussão sobre o impedimento da presidenta Dilma Rousseff é vergonhosa e representa uma tentativa de “perdedores ressentidos de forçar eleições indireitas para chegar ao poder”. É este um dos argumentos do deputado federal Jean Wyllys (PSOL – RJ) para votar contra o impeachment. “Isto não tem outro nome: é golpe parlamentar”, afirmou ao discursar na tribuna neste sábado (16). Wyllys disse ainda que “impeachment sem crime de responsabilidade e articulado por um gângster deveria ser um escândalo, e me constrange participar dele”.
Ele alertou que este processo é uma eleição indireta articulada por partidos que sabem que “jamais ganharão eleições diretas para a presidência”, um retrocesso em uma importante conquista da democracia brasileira – eleições direitas, o direito do povo de escolher seu governante em eleições livres. “Trata-se da tentativa de cassar 54 milhões de votos direitos que Dilma Rousseff recebeu”.
O deputado lembrou que os golpistas, ao fazerem a defesa do impeachment, não falam das pedaladas fiscais, mas atacam as políticas sociais implementadas pelos governos petistas, como a criação de cotas, aberturas de vagas nas universidades, abertura de diálogo com a comunidade LGBT, políticas públicas para mulheres e diálogo com as juventudes periféricas.
“Quem está falando aqui é alguém que nunca foi filiado ao PT, que não pertence ao PT e que estes seis anos fez oposição de esquerda ao PT (…) Nunca tive cargo no governo Dilma. É por amor e por convicção à democracia e pelo tanto que progredimos até aqui desde a era Lula, ou melhor, desde as Diretas Já (…) Não é por Lula, não é por Dilma, é pela democracia!”, ressaltou.
“Um processo de impeachment de uma presidenta sobre a qual não pesa nenhum crime de responsabilidade. Não, pedaladas fiscais não são crime de responsabilidade. Se fossem, muitos governadores, incluindo os tucanos Geraldo Alckmin e Beto Richa, estariam impedidos. Se pedaladas fiscais fossem crime de responsabilidade, o conspirador e traidor, vice-presidente decorativo da república, Michel Temer, que assinou manobras fiscais, deveria estar impedido”, defendeu.
O líder do PSOL, o deputado Ivan Valente (SP), reforçou, neste sábado, posição contrária ao impeachment porque não há crime de responsabilidade. “É uma grande farsa e uma grande fraude para se chegar a um acordão entre a elite brasileira, os grandes meios de comunicação e a articulação de direita que foi feita para substituir o governo”, afirmou.
Ele lembrou que está na liderança de uma bancada de partido de oposição, sem cargo no governo, que não vai atrás de emendas parlamentares e é intransigente contra a corrupção. “Foi o único partido que teve coragem de desafiar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que vergonhosamente ocupa a cadeira de presidência”, disse.
Ele acusou parlamentares que estão envolvidos com denúncias de corrupção de estarem abraçados na bandeira do Brasil. Valente também defendeu investigação a todos e disse que o Psol vai denunciar qualquer ‘acordão’ que vise abafar a operação Lava-Jato. Alertou que o vice-presidente Michel Temer quer promover um ajuste fiscal mais rigoroso do que o apresentado por Dilma.
“Será que o povo vai ter vez e voz? Vai haver a taxação das grandes fortunas, das grandes heranças, vai ter auditoria da dívida pública? Vai ter autonomia do banco central, reforma da Previdência, reforma trabalhista e abolição da CLT. Mais arrocho fiscal, privatizações. Essa é a política anti-povo“.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que o impeachment da forma como está sendo apresentado é uma farsa: “É uma pedalada jurídico-legislativa”.
Para o deputado Edmílson Rodrigues (PSOL-PA) não houve crime cometido por Dilma. “A presidenta tem uma chance a mais para fazer diferente. Fazer diferente é fazer auditoria da dívida, reduzir o superávit primário, pois quando se aumenta o lucro de banqueiros, se diminui a possiblidade de investimentos e na valorização do serviço público”, disse.
Da Redação da Agência PT de Notícias