O ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuiu aos mais pobres a culpa pela degradação ambiental no Brasil. Segundo ele, “o grande inimigo do meio ambiente é a pobreza” e “as pessoas destroem o meio ambiente porque precisam comer”. As declarações foram dadas nesta terça-feira (21) durante o painel intitulado “Moldando o futuro da indústria avançada”, uma das atividades do Fórum Econômico Mundial, realizado ao longo desta semana, em Davos, na Suíça.
Ele também alegou que os países ricos se preocupam com a agenda ambiental porque já desmataram as suas florestas. “Eles (os pobres) têm todas as preocupações que não são as preocupações das pessoas que já destruíram as suas florestas, que já lidaram com suas minorias étnicas, essas coisas”, disse Guedes.
O ministro foi a Davos como representante do governo brasileiro, após o presidente Jair Bolsonaro alegar “questões de segurança” para cancelar a sua participação no evento. No ano passado, Bolsonaro provocou constrangimentos ao proferir discurso de apenas cerca de seis minutos e também quando foi flagrado almoçando num “bandejão” de um supermercado local. Coube a Guedes assumir a função de proferir impropérios, que parece ser a marca da atual gestão.
Da simplificação ao atribuir aos pobres os impactos sobre o meio ambiente, Guedes afirmou que as coisas são “complexas”, quando envolvem o agronegócio. Ele afirmou que o mundo precisa de mais alimentos, mas a ampliação da produção depende, segundo ele, da utilização de agrotóxicos. “É uma escolha política. Você não tem um meio ambiente limpo porque as soluções não são simples. São complexas.”
O ministro afirmou, ainda, que o Brasil perdeu “a grande onda da globalização e inovação” e, portanto, as inovações tecnológicas demoram para chegar por aqui, mas declarou-se otimista: “Estamos a caminho”. “Nós temos escala, agora precisamos investir em educação”, afirmou. “Podemos atingir isso se tivermos educação e mais conexões”, declarou o ministro, sem detalhar os meios para alcançar tais objetivos, já que o Orçamento da União para a educação para o ano que vem teve redução de 16% – caindo de R$ 122,9 bilhões, em 2019, para 103,1 bilhões, em 2020.