Em discurso na tribuna do Senado na tarde desta segunda-feira (7), o senador Paulo Paim (PT-RS) fez uma contundente defesa do mandato democrático da presidenta Dilma Rousseff, eleita pelos brasileiros com maioria dos votos. Segundo ele, os oportunistas de ocasião tentam um atalho para chegar ao poder e optaram por impeachment lastreado em justificativas suspeitas.
“Estarei na trincheira das ruas, dos movimentos sociais, para defender o melhor sistema da história da humanidade, que é o processo democrático”, afirmou. Paim também disse que ele e a opinião pública estarão de olho nos traidores.
O senador lembrou o processo de cassação do então presidente Fernando Collor de Mello. No plenário da Câmara, Paim como deputado federal assistiu ao vivo a mudança de postura de antigos e diletos defensores do ex-presidente. Na hora de votar, mudaram de lado e traíram. Paim está convencido que o pedido de impeachment contra Dilma não será aprovado nem na comissão especial que analisará o pedido.
“Estou convencido. Não tem procedência o pedido, a não ser que seja uma traição das mais vergonhosas. Pela circunstância que o pedido foi encaminhado, que é nitidamente revanchista, é uma afronta à democracia brasileira”, assinalou.
Paim disse que, apesar de não concordar com a política econômica de Dilma, sua posição sempre prevalecerá quando o assunto é a defesa da democracia. Para ele, é melhor que não haja férias parlamentares (recesso) para que esse processo revanchista seja liquidado e possa destravar o País. “Estou com 65 anos e sei quando passaram a tesoura na democracia. Pagamos um alto preço pela exceção que durou vinte anos e ceifou sonhos, vidas e famílias”, afirmou, para acrescentar em seguida: “o Estado democrático de direito não pode ficar refém de lutas subterrâneas do poder pelo poder”.
O senador fez um relato sobre a presidenta Dilma que ilustra o respeito a ela. Paim conhece Dilma há 40 anos e nunca, nunca ouviu falar qualquer coisa contra a integridade, a honradez, a honestidade e seriedade da presidenta. “Dizer que uma mulher, lutadora, que enfrentou a ditadura como pôde, foi até torturada, não entregou um companheiro, não tem uma mácula, não tem riqueza, não tem nada, eu a conheço. Dizer que a presidenta não é honesta é uma calúnia”, enfatizou.
Em aparte, o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), parabenizou Paim e registrou que nos últimos dez anos a pobreza caiu 70% no Ceará, demonstrando que as políticas de Lula e de Dilma sempre foram voltadas aos mais pobres. “É por isso que essa direita conservadora, que não tem nenhum compromisso com as nossas famílias mais sofridas, particularmente da região Norte e Nordeste, resolve se insurgir contra um mandato legítimo, democrático e popular, como é o mandato da presidenta Dilma”, afirmou.
Pimentel disse que querem condenar Dilma pelas coisas boas que fez, porque resolveu pagar em dia o Bolsa Família, que atende a ampla maioria dos mais pobres.
Por Marcello Antunes, do PT no Senado