Para o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro (PT) e o ex-prefeito e candidato à prefeitura de Porto Alegre Raul Pont (PT), a esquerda deve se unir para fazer frente ao golpe. O primeiro passo nessa luta são as eleições municipais, marcadas pelo contexto nacional.
Em Comitê Suprapartidário inaugurado em apoio à candidatura de Raul Pont, os dois políticos lembraram que, por trás desse golpe, está a necessidade de sequestrar parcelas cada vez maiores do orçamento da União para o setor financeiro.
Centenas de artistas, intelectuais e personalidades de Porto Alegre (RS) assinaram um manifesto em apoio à candidatura de Raul e Silvana Conti (PCdoB) para a Prefeitura. Nomes como Nei Lisboa, Luiz Fernando Veríssimo e Jorge Furtado assinaram o documento.
“Nós chegamos em uma etapa em que o capital financeiro capturou o estado. É o que na minha opinião deve marcar todos os processos políticos do campo da esquerda”, afirmou Tarso.
“Está em curso um golpe político, moderno”, afirmou ele. Para o ex-governador, o golpe não é militar, mas nem por isso deixa de ser golpe. Segundo ele, a esquerda atravessa um momento difícil e precisa de união.
A opinião foi partilhada por Raul Pont. “Temos que materializar um novo bloco de forças como oposição”, afirmou ele. Para Raul, o país vive um novo momento. “Precisamos trabalhar com os partidos que estiveram conosco no campo popular”.
Raul lembrou de um episódio recente em Porto Alegre. Em homenagem à Getúlio Vargas, Carlos Lupi e Ciro Gomes, do PDT, fizeram um discurso de repúdio ao golpe e de defesa da democracia e atacaram os golpistas do PMDB. Mas em Porto Alegre, o PDT apoia ao candidato do PMDB, Sebastião Melo.
“45% do orçamento da União será destinado ao pagamento de juros em 2016. São gastos R$ 600 bilhões com o pagamento de juros, e R$ 100 bilhões com saúde”, afirmou Raul.
Ele reforçou que a aprovação da Emenda Constitucional 241 que limita os gastos do orçamento e retira a obrigatoriedade de gastos com saúde e educação vai aprofundar o processo de transferência de recursos do Estado para o setor financeiro.
O problema, segundo o ex-prefeito, é que os outros candidatos não têm interesse em fazer esse debate – já que seus partidos estão envolvidos nesse processo no âmbito nacional. “O que é política então? É esse jogo de cena?”, questionou ele.
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias