O principal desafio da esquerda atualmente é a construção da força popular organizada. Essa é a avaliação de uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.
“A esquerda desaprendeu a fazer trabalho de base, de conscientizar o povo, de fazer pequenas reuniões. Faz vinte anos que a esquerda só pensa em eleição. Não que a eleição não seja importante. Claro que é importante, pois faz parte da democracia”, disse Stédile em entrevista na última sexta-feira (28) ao portal “Sul21”.
Stédile acredita que a atual crise política tem origem no “sequestro da democracia brasileira feito pelos capitalistas por meio do financiamento privado das campanhas eleitorais”.
E alertou: “Se houvesse um golpe institucional, se criaria uma crise institucional, que levaria os movimentos sociais e populares para as ruas”.
Segundo o líder do MST, neste momento, as direções de organizações como CUT, UNE, MST, os movimentos de luta pela moradia, estão tentando unificar uma agenda para apresentar um programa de saída para a crise.
“O que conseguimos construir de unidade até aqui é um programa defensivo contra o golpe, em defesa dos direitos, contra o neoliberalismo, ou seja, é uma defesa do passado — não é avançar, como nós queremos”, ressaltou.
“Espero que, nos próximos meses consigamos avançar na direção desta unidade da classe trabalhadora para construir um programa, não defensivo, mas que apresente propostas para a saída das crises econômica, política e social”, completou Stédile.
Para ele, a saída de um programa construído pela classe trabalhadora vai depender de um componente que ainda não está no cenário, “que é a classe trabalhadora se mobilizar e ir para a rua. Até agora, só foram para a rua as mediações, os militantes”.
Confira a entrevista completa.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da ‘Carta Maior’