A presidenta Dilma Rousseff se unirá à Central Única dos Trabalhadores (CUT), no dia 31 de julho, para o primeiro ato da campanha à reeleição – durante a 14ª Plenária da CUT, de 28 de julho a 1º de agosto, em Guarulhos (SP).
Em entrevista à Agência PT de Notícias, o presidente da CUT, Vagner Freitas, defendeu a continuidade do projeto mantido pelos governos do PT, há 12 anos na Presidência da República. Ele ainda falou sobre as reivindicações da classe para um eventual segundo mandato de Dilma, valorização do salário mínimo e garantia de emprego.
– Qual a importância de a CUT ser a anfitriã do primeiro grande ato da presidenta Dilma na campanha à reeleição?
É importante para a classe trabalhadora a reeleição da presidenta Dilma. Para a CUT, há dois projetos em disputa nesta eleição.
Um é representado tanto pelo candidatos Eduardo Campos (PSB) quanto pelo Aécio Neves (PSDB), que é o projeto do atraso, do arrocho salarial, com propostas de choque de gestão. Para a classe trabalhadora, isso significa, em geral, demissão, falta de postos de trabalho e arrocho salarial.
Do outro lado, há o projeto representado, nos últimos 12 anos, por Lula e Dilma, que acrescentou aumento real de salário mínimo. Além disso, temos as políticas públicas e sociais, em que os mais beneficiados são da classe trabalhadora.
O projeto da presidenta Dilma é de inclusão social na área das mulheres, da juventude e dos menos favorecidos. Nós indicaremos aos trabalhadores representados pela CUT que votem na continuidade do projeto da presidenta Dilma e não permitam que o Brasil tenha retrocesso.
– Como atrair o jovem trabalhador, tanto para CUT, tanto para a campanha eleitoral?
A juventude se manifestou nas ruas há um ano, nas manifestações de junho de 2013. A classe jovem exige um serviço público de qualidade. Para trazer os jovens tanto para a campanha, quanto para a CUT, é preciso deixar muito claro nosso compromisso com os serviços públicos de qualidade, como a valorização da educação, que é uma pauta campanha da presidenta Dilma. Precisamos, também, mostrar para a juventude que Dilma é diferente de Aécio e de Eduardo Campos.
– Qual o impacto da valorização do salário mínimo na campanha deste ano? O que acha da proposta de Aécio Neves, que garante aumento real de 1% ao ano?
Eu não acredito em Aécio Neves. Aqueles que apoiam Aécio Neves e a campanha dele têm a concepção de interromper o programa de valorização do salário mínimo. O coordenador da área econômica diz, pela imprensa, que a política de valorização salário mínimo, não acompanhada pela alta da produtividade, causa a inflação.
Ele tem dito claramente que quer acabar com essa política, para ter uma desaceleração da valorização do salário mínimo. E foi exatamente isso que eles fizeram na gestão de Fernando Henrique Cardoso: arrocharam salário e diminuíram consumo, como instrumento de controle de inflação.
É por isso que eu não acredito nem que ele vá fazer valorização de 1%. Ele fala isso por questões eleitoreiras.
– Como a CUT vê a relação com a presidenta Dilma?
A presidenta foi evoluindo e melhorando as relações com os movimentos sociais ao longo da gestão. Ainda não é o ideal, mas por características da presidenta, que tem um trato mais distante com o movimento social do que tinha o ex-presidente Lula. Talvez pelas suas origens, já que o Lula era do movimento sindical.
Nossa questão não é ser recebido ou deixar de ser recebido. Nós queremos que nossa pauta seja atendida. E nós tivemos algumas questões da pauta atendidas. E vamos continuar a trabalhar e colocar a nova pauta da classe trabalhadora, provavelmente em plenária no mês de agosto.
– Quais as reivindicações da classe trabalhadora para o segundo mandato da presidenta Dilma?
A presidenta poderia marcar o mandato dela se atendesse a uma reivindicação: a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução de salários. Isso só acontece no Brasil de 50 em 50 anos. Nós estamos convictos de que isso seria uma medida social importante para a geração de emprego e para melhorar a produtividade do trabalhador.
Outra coisa importante para nós é a melhoria dos serviços públicos na área de educação, saúde, transporte e lazer, por exemplo. Essa é uma evolução que deve ser feita ao longo do tempo. O PT está no governo federal há 12 anos e obviamente não pode ser culpado por um problema de longa data.
Hoje o Brasil tem um mercado de trabalho aquecido, com situação de quase pleno emprego. O que ainda é preciso evoluir?
Tem que evoluir a qualidade no emprego. Obviamente que hoje temos pouquíssimas pessoas desempregadas no Brasil. Para nós, isso é essencial, pois dá condições de fazer enfrentamento com o patrão. Temos que qualificar a geração do emprego e o trabalhador também.
É importante chegar ao pleno emprego. Agora, também temos que alcançar um bom emprego.
– Como a CUT pretende atuar em São Paulo, reduto tucano há mais de 20 anos e pior cenário para Dilma nas pesquisas?
Nós estamos na coordenação da campanha do companheiro Alexandre Padilha, que é militante antigo dos movimentos sindicais. Fora o Padilha, São Paulo só tem candidato de direita. É preciso que fique claro que o governador atual (Geraldo Alckmin – PSDB) tem um projeto político que arrebentou com São Paulo, conseguiu acabar com o fornecimento de água, colocando em risco toda economia da cidade. E o outro candidato (Paulo Skaf – PMDB) é o candidato do patrão. Os dois são representantes do poder patronal. A única candidatura que dialoga com o trabalhador é a de Padilha.
Estamos dentro do comitê de campanha, com um espaço para o movimento sindical. Nós precisamos interromper esse governo tucano, que colocou São Paulo no atraso. Hoje São Paulo é um peso nas costas da nação.
Por Mariana Zoccoli, da Agência PT de Notícias