“Estou procurando o primeiro mundo para explorar essas áreas (terras indígenas da Amazônia) em parceria e agregando valor. Por isso, a minha aproximação com os Estados Unidos”, disse Bolsonaro durante cerimônia de formatura de paraquedistas no Rio de Janeiro, no último sábado, 27. A afirmação foi feita diante de militares de sua própria escola, desafiando o papel constitucional do Exército de defender a soberania da região.
Para Bolsonaro, “só de reserva indígena já temos 14% tomados aqui no Brasil. Na Reserva Ianomâmi, são 9 mil índios e tem o dobro do estado do Rio de Janeiro. É justo isso?”, questionou ele. “Terra riquíssima. Se junta com Raposa Serra do Sol é um absurdo o que temos de reservas minerais ali”, disse ainda Bolsonaro, assumindo o papel de preposto dos interesses norte-americanos. A fala do presidente insuflou ações criminosas dos novos adeptos do general Custer contra indígenas e populações da região.
Não é a primeira vez que Bolsonaro, ou outros vende-Pátrias prometem entregar a Amazônia aos EUA, traindo o compromisso do general Rondon de ocupação soberana da região. A tentativa mais ousada ocorreu no final dos anos quarenta, no pós-Segunda Guerra, com o enclave chamado Instituto Internacional da Hiléia Amazônica. Tratava-se de um projeto apresentado à Unesco, em 1946, pelo cientista brasileiro Paulo Estevão de Berredo Carneiro, que acabou derrotado pela ação conjunta do Congresso Nacional e das Forças Armadas.
O projeto dava poderes a todos os países com assento na ONU decidirem sobre assuntos que, em última instância, seriam do interesse dos países da Região Amazônica, em especial o Brasil. Em resumo, transferiam a soberania das decisões locais para o âmbito de uma “maioria externa”, com isso instalando um “enclave internacional” na Amazônia. O projeto acabou arquivado, após ação parlamentar do senador Arthur Bernardes, que acusou projeto de imperialista, e do Comando Maior do Exército, que vetou a proposta.
Por PT no Senado