Nesta quinta-feira, 19 de setembro de 2024, Paulo Freire completaria 103 anos, se estivesse vivo. Freire é o maior educador brasileiro de todos os tempos e um dos mais influentes pensadores da área de educação, mundialmente reconhecido. Seu método, centrado no diálogo, na criticidade e na emancipação dos oprimidos, transformou a forma de se pensar o ensino e a aprendizagem.
Freire elaborou sua filosofia educacional a partir da experiência com a alfabetização de adultos no Nordeste do Brasil. Para ele, a educação deveria levar em consideração a cultura e os saberes dos educandos, estimulando a conversa e o questionamento da realidade. Ao invés de uma mera transmissão de conhecimentos, ele propunha a construção coletiva do saber, onde professores e alunos aprendem juntos.
Livros como Pedagogia do Oprimido e Pedagogia da Esperança tornaram-se referências em todo o planeta, influenciando a educação até os dias de hoje. Em um mundo marcado pelo individualismo, seu pensamento continua relevante, ajudando a formar cidadãos críticos e comprometidos com a justiça social.
Educação libertadora
Paulo Freire defendia uma educação libertadora, onde o aluno não é visto como uma tábua rasa, mas sim um sujeito que traz consigo saberes e vivências. Por meio do diálogo e da problematização da realidade, professores e alunos constroem juntos o conhecimento. Sua proposta, focada na criticidade e na emancipação, visa formar pessoas conscientes e capazes de transformar a sociedade.
O legado de Freire ultrapassa a sala de aula. Sua pedagogia crítica inspirou movimentos sociais ao redor do mundo que buscam igualdade e justiça. Suas ideias influenciaram o ensino e continuam sendo referência para professores que buscam uma educação libertadora. Seu método revolucionário pode ser aplicado em diversos contextos, como na alfabetização de adultos e na educação popular.
Grande admirador de Freire, de quem foi amigo, Lula publicou na rede social Bluesky uma tocante declaração em homenagem ao “educador genial, patrono da educação brasileira”. O presidente relembra que teve “a honra e o prazer de conviver com ele”, tendo sido “testemunha do seu profundo amor pelos seres humanos, em especial pelos oprimidos que foram ‘roubados do seu direito de ser'”.
“Os 7 mitos sobre Paulo Freire”
Ainda que seu trabalho seja amplamente respeitado, Paulo Freire é alvo de inúmeras distorções e críticas. Ideias enganosas sobre sua pedagogia circulam com frequência, muitas vezes usadas por reacionários e pela extrema direita para deslegitimar seu pensamento. É justamente por isso que iniciativas como a série digital “Os 7 mitos sobre Paulo Freire”, lançada pelo Instituto Cultiva, são relevantes. São 7 episódios curtos, cada um dedicado a uma das inverdades que circulam sobre o educador e filósofo (veja aqui o primeiro).
Um dos mitos abordados é a ideia de que a pedagogia freireana se resume a doutrinação. Pelo contrário, ela incentiva o diálogo, o estímulo à criticidade e a construção coletiva do conhecimento. Outro diz que seu método não funciona, o que evidentemente não é verdade, pois ele é amplamente aplicado em países líderes no ranking de educação, como a Finlândia.
A série ainda aborda outras interpretações errôneas da vida e da obra de Freire, propagadas principalmente por pessoas que veem e praticam a educação como mera transmissão de conhecimento técnico, formando cidadãos especialistas em repetir ideias, mas incapazes de compreendê-las e questioná-las.
Utopia necessária
Paulo Freire não é um educador do passado, mas do presente e do futuro. Ele propôs uma utopia necessária, apontando para um horizonte de liberação humana. Lutar por essa utopia é defender um sistema educacional que respeite a diversidade, fomente o pensamento crítico e capacite os indivíduos a serem agentes de mudança social. Nos 103 anos após seu nascimento, suas ideias continuam novas e inspiradoras. Viva Paulo Freire!
Da Redação