Nesta quinta-feira (20), o senador Paulo Paim (PT-RS) usou seu tempo em plenário para mostrar preocupação com a crise financeira no Rio Grande do Sul e com as decisões que o governador tem tomado, entre elas a extinção de órgãos importantes para o estado. Segundo ele, mais de 50 mil servidores públicos decidiram paralisar suas atividades no dia 18 de agosto até esta sexta-feira (21).
Estão envolvidos com a greve de três dias trabalhadores da área de segurança, educação e saúde. Caso o governo volte a atrasar as parcelas dos pagamentos, já está marcada outra paralisação entre os dias 31 de agosta a 3 de setembro.
“Depois de muitos anos as entidades sindicais estão fazendo uma mobilização unificada pelo Rio Grande na busca de um entendimento junto ao palácio. O salário dos trabalhadores é sagrado e o estado, infelizmente, não está conseguindo pagá-lo”, disse o senador.
De acordo com o senador, o governo estadual tem sinalizado o enxugamento da máquina pública, o encolhimento das funções sociais e a retomada das privatizações. Nesse sentido, foram enviados para a Assembleia Legislativa projetos para alteração das aposentadorias dos servidores, extinção da Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (FEPPS), Fundação de Esporte e Lazer (Fundergs) e Fundação Zoobotânica, empresas essas que geram 10 mil empregos diretos no estado.
Nos próximos dias a Assembleia Legislativa pode votar o Projeto de Lei que decreta a extinção da Fundação Zoobotânica e a demissão de todos os seus funcionários. “Será uma lástima se o projeto for aprovado. A fundação deve continuar resistindo e atuando na defesa do meio ambiente. Nós que falamos tanto que não há revolução social,sem cuidarmos do meio ambiente e da educação precisamos continuar conservando o nosso patrimônio cultural”, pontou.
São cerca de 200 funcionários, 43 pesquisadores que ficarão sem emprego e 500 mil coleções científicas que vão se perder caso o projeto seja aprovado. Por esse motivo também, o senador fez um apelo ao governo do estado para reconsiderar a proposta de acabar com fundações importantes para o Rio Grande do Sul e afirmou que, seu fim, impactaria minimamente nas contas do estado.
Paim afirmou ainda que o Partido dos Trabalhadores perdeu as eleições no estado para o atual governo, mas nem por isso deseja que a crise se perpetue. “Eu espero que o governador encontre caminhos em acordo com os grevistas para que essa situação se resolva o mais rápido possível”, afirmou.
Segundo ele, os senadores do estado têm feito sua parte na mediação em relação a dívida do Rio Grande do Sul com a União. O estado fez uma dívida de R$ 10 bilhões com a União, pagou R4 22 bilhões e deve R$ 43 bilhões, de acordo com Paim. “Precisamos discutir a negociação dessa dívida”.
Crise – O Rio Grande do Sul, governado por José Ivo Sartori (PMDB), passa pela crise financeira considerada a maior que o estado já viu. Sem dinheiro em caixa, o governo não consegue pagar os salários dos servidores em dia e teve que dar pedalas nas contas para os meses seguintes.
Segundo dados coletados pelo G1, a estimativa da Secretaria Estadual da Fazenda, o Rio Grande do Sul deve fechar o ano com um rombo nas contas de R$ 5,4 bilhões nas contas. Todos os meses, faltam ao estado R$ 400 milhões, 22,5% das receitas. Por isso, o estado tem atrasado o pagamento dos salários dos servidores em julho.
Da Redação da Agência PT de Notícias