O cenário político desenhado logo após as eleições só confirmam as suspeitas de que o governo de Jair Bolsonaro está muito longe de despertar otimismo.
Com decisões que contrariam até mesmo a confiança do seu próprio eleitorado, o capitão reformado tem tudo para ser um desastre no comando da nação. A avaliação é do deputado federal e líder da Bancada do PT, Paulo Pimenta, que concedeu entrevista nesta sexta-feira (7) à Rádio Guaíba de Porto Alegre.
Além da composição dos ministérios, que contraria promessa de campanha e está repleto de nomes com problemas na Justiça, o parlamentar cita o novo escândalo envolvendo a família Bolsonaro para corroborar sua posição.
Nesta quinta-feira (6), relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão do ex-assessor do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL) e agora ronda também o nome do presidente eleito. “Basta ver o que está acontecendo. Isso vai tomar uma proporção inimaginável”, resume Pimenta, que já entrou com pedido de quebra de sigilo bancário de todos os envolvidos no caso junto à Procuradoria Geral da República.
O líder do PT, no entanto, não se espanta com tantos problemas envolvendo Bolsonaro antes mesmo de assumir a Presidência já que conhece o histórico do militar antes mesmo de ele se aventurar a comandar o país. “As pessoas que acompanham Bolsonaro jamais imaginavam que ele pudesse ganhar as eleições. Tanto que ganhou sem apresentar um projeto de governo verdadeiro, sem ter opinião sobre as coisas. Como ele se escondeu muito durante a campanha ninguém sabe o que ele pensava sobre certas coisas. Se é que pensava”, critica.
Mesmo ciente da já notória e disseminada controversa (e quase sempre criminosa) de Bolsonaro, Pimenta teme que a postura sua autoritária ganhe proporções ainda mais graves. E compara: “Bolsonaro se comporta como um Imperador e seus filhos agem como se fossem príncipes.Cada um tem um séquito. Disputam cada fatia do poder. A influência da família cria uma instabilidade permanente (…) A relação com o Congresso também será desastrosa porque os interlocutores são todos eles muito ruins. O Onyx por exemplo. A capacidade de diálogo dele é próximo a zero”.
Luta por Lula
Além de avaliar os principais acontecimentos políticos do país, Pimenta também respondeu a perguntas sobre o futuro de Lula, mantido há exatos oito meses como preso político em Curitiba. Uma das questões foi sobre a recusa do ex-presidente em cogitar qualquer alternativa que não seja sair do cárcere inocentado. “Lula sabe que a sua prisão tinha como objetivo tirar a oportunidade do povo de votar nele na última eleição. Ele costuma dizer que chegou lá de cabeça erguida e continua desafiando Moro e os procuradores da Lava Jato para que apresente uma prova e quer que seu processo seja julgado. Portanto quer sair de lá inocentado. Ele não quer nenhum favor. Quer ser julgado por um tribunal isento”, revela.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias