Depois de protocolar duas representações nos ministérios públicos federal e de São Paulo, provocando os dois órgãos a se inteirar do processo de venda da Eletropaulo, maior distribuidora de energia do país, o deputado Paulo Teixeira abordou a questão em pronunciamento da tribuna da Câmara dos Deputados.
No seu pronunciamento, Paulo Teixeira descreveu a decadência da Eletropaulo, empresa que foi privatizada em 1999 pelo Governo de São Paulo, e que ainda tem a União com 8% e o BNDESPAR com 17% das ações. “A distribuição de energia elétrica na cidade de São Paulo beira o caos. Só a providência justifica o fato de incêndios como o que ocorreu recentemente, e que todos nós vimos em imagens terríveis pela televisão, não se repitam com mais frequência”, afirmou o deputado.
“Cabos e equipamentos estão pendurados ao relento em postes, em visível estado de deterioração. Os cortes de energia são frequentes e intempestivos. As vezes uma chuva, as vezes nada. Isso leva ainda mais insegurança à população, principalmente da periferia da cidade. Pequenos e médios empresários acumulam sérios prejuízos e muitas vezes ficam inoperantes por todo um dia, à espera da volta da energia elétrica”, acrescentou em seu pronunciamento.
O deputado revelou inconformidade com o fato da Eletropaulo, com visíveis problemas de caixa e de recursos, em abril recusou uma emissão primária de ações, que aportaria R$ 1,5 bilhão no caixa da empresa e mais R$ 4,5 bilhões para os demais acionistas. E preferiu a via conturbada do leilão público.
“Não estamos falando aqui de uma empresa qualquer. Estamos falando de interferir na vida de mais de 20 milhões de cidadãos brasileiros. Isso não pode ficar nas mãos de um leiloeiro e de lances irresponsáveis de quem pretende na verdade renovar seus ativos e em tempo, o mais breve possível, devolver os recursos à matriz”, disse o deputado.
O processo de venda da Eletropaulo entra na reta final nesta quinta (24), quando os pretendentes devem apresentar seus lances para compra da empresa. E o deputado Paulo Teixeira, ao concluir o seu pronunciamento, conclama os governos federais e estadual a se envolverem no processo.
“Não podemos assistir simplesmente a um confronto de capitalistas. As empresas competidoras devem ser chamadas a dar explicações sobre seus planos com relação a empresa que querem controlar. Uma delas, deve ainda dar explicações sobre as acusações que pesam contra ela, e que já lhe valeram uma denúncia na Comissão da Comunidade Européia, em Genebra, por práticas abusivas. É preciso alertar o governo de que o açodamento em tratar assunto tão delicado e importante pode resultar em mais um escândalo ou simplesmente na perpetuação de uma situação insuportável”, concluiu.
Na manhã desta terça (22), o Sindicato dos Eletricitários de São Paulo paralisou a atividade de todas as empreiteiras que prestam serviços para a Eletropaulo, realizando assembleias na porta das empresas para definição do Plano de Luta com greve a partir do próximo dia 3. Os trabalhadores denunciam: pressão desumana na produção, perdas nas diferenças salariais, perda do vale refeição e alimentação e plano de saúde.
Na convenção coletiva de trabalho celebrada em janeiro ficou estabelecido o pagamento das diferenças salariais agora em junho. Mas, as empresas terceirizadas estão sinalizando que por força de sanções e o não reconhecimento da produção, enfrentam problemas de equilíbrio financeiro e não poderão cumprir com o acertado.
Da redação da Agência PT de notícias