Em menos de 80 dias de um governo que começou a colocar em prática um projeto de desenvolvimento do país com distribuição de renda, os inimigos do povo começam a sair de suas tocas – ou melhor, de seus escritórios bem refrigerados na Faria Lima – para vociferar contra os pobres. É o que mostra a pesquisa Genial Investimentos / Quaest Pesquisa e Consultoria, divulgada nesta quarta-feira (15), com executivos do “mercado” financeiro. Segundo o levantamento, 98% deste seleto grupo de 82 representantes da elite financeira do país consideram que a política econômica do governo Lula está indo na direção errada, para surpresa de… ninguém.
O instituto ouviu executivos que nada sabem sobre a política econômica de um governo que ainda nem apresentou a nova proposta de arcabouço fiscal, as regras que irão equilibrar as contas públicas e colocar o país no trilho do crescimento. Sem nenhum conhecimento sobre medidas para cobrir o rombo no orçamento de R$ 300 bilhões deixado por Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, 90% do seleto grupo apontam que a política fiscal do governo não vai gerar sustentabilidade da dívida pública.
E, novamente, para espanto de zero pessoas, 95% defendem que a decisão do Banco Central de manter a taxa de juros em 13,75%, patamar aviltante para quem vive de salário no Brasil, está correta. Sem assombro, o agrupamento de “notáveis” do mercado financeiro ignora que a maioria esmagadora da população, 76%, apoia o presidente Lula na defesa da queda da taxa de juros praticada pelo BC de Roberto Campos Neto, segundo a própria Quaest. Não por acaso, a mesma maioria que votou em Lula e seu projeto de reconstrução do país e de combate às desigualdades.
“Arrocho fiscal suicida”
“Pesquisa Genial/Quaest mostra a voz do mercado: querem juros na estratosfera e arrocho fiscal suicida”, denunciou a presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann. “Se dependesse deles, Bolsonaro seria presidente até hoje”, fulminou Gleisi, apontando a predileção dos executivos pela essência do tripé econômico de Guedes: asfixia da renda, precarização do trabalho e aumento da pobreza.
Os executivos se mostram, segundo a pesquisa, preocupados com a inflação. Para 65% herdeiros da Casa Grande, Lula, além de não ter essa preocupação, estaria equivocado ao defender metas menos rígidas de inflação, mecanismo que facilitaria uma curva de crescimento mais acelerado do PIB. No entanto, nos quatro anos em que Bolsonaro e Guedes destruíram o país e afugentaram incontáveis investidores, um silêncio ensurdecedor se fez presente nas luxuosas salas da Faria Lima. Mesmo com uma insuportável e persistente inflação de dois dígitos.
Negacionismo econômico
O nome disso é negacionismo econômico. “O mau humor demonstrado na pesquisa com os executivos do mercado financeiro é tão alto que faz duvidar da capacidade de análise dos que avaliam a conjuntura para tomar as decisões sobre o dinheiro de terceiros que administram”, escreveu a jornalista Miriam Leitão, após a divulgação do levantamento.
Para a colunista de economia do Globo, não há dúvida de que “executivos do mercado financeiro se deixaram levar pela ideologia” e que “o bolsonarismo contaminou sua visão do que está acontecendo no país”.
Trocando em miúdos: tesoureiros do dinheiro alheio no mercado financeiro estão se lixando para o quadro de miséria e fome que assola milhões, deixado por Paulo Guedes, o apreciador de paraísos fiscais. Guedes, o maior responsável pelos juros extorsivos que endividaram 70 milhões de brasileiros e pela inflação dos alimentos que agravou a fome nas periferias do país, podia tudo. Podia até quebrar (e quebrou!) a economia e gerar 33 milhões de famintos no processo, desde que garantisse lucros indecentes ao topo da pirâmide social.
A constatação da economista deveria servir de lembrete aos desmemoriados do sistema financeiro: Bolsonaro, atualmente em fuga do Brasil há quase três meses, foi derrotado nas eleições de 2022.
Da Redação