Ato com parlamentares, militantes e integrantes do PT, realizado na noite desta quinta-feira (9), defendeu que os petistas não votem em membros do PSDB para a mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), assim como repudiou qualquer aliança com golpistas em âmbito nacional. O encontro mobilizado pelos deputados estaduais Carlos Neder, João Paulo Rillo e José Américo, contou com a presença do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) e da vereadora Juliana Cardoso (PT-SP).
No dia 15 de março, mesmo dia de uma grande mobilização nacional contra retrocessos, ocorrerá a votação para a mesa diretora da Alesp e o candidato do governo paulista, o tucano Cauê Macris, tenta angariar votos inclusive entre petistas para conquistar o cargo. A bancada do PT na Assembleia de São Pulo deve realizar reunião com o Diretório Estadual na segunda-feira (13), às 14 horas, para definir uma posição.
O senador Lindbergh afirmou que fez questão de ir a São Paulo “porque é fundamental na discussão dos rumos que a gente quer para o PT”. Ele disse ter esperança de que a pressão sobre os deputados federais para que não votassem em Rodrigo Maia na Câmara se repita no Estado. Lindbergh também ressaltou que o PMDB e o PSDB foram aliados no golpe.
“Acredito que há avaliação equivocada da conjuntura. Esquecem que o Golpe de Estado acontece, ou que o golpe já foi”, avaliou, em referência aos deputados que pensam em votar no PSDB. “O golpe não foi só para afastar a Dilma, está acontecendo, é para restaurar o neoliberalismo, entregar o pré-sal. O Temer apresentou um programa para aumentar a margem de lucro das empresas apertando o trabalhador. O golpe está acontecendo quando perseguem o presidente Lula. Qual o sentido de atacar um candidato do PSDB quando o candidato do PSDB ataca diariamente o presidente Lula? ”
Para Lindbergh, “estamos em crise econômica, em crise política e infelizmente vamos para uma crise social violentíssima”. Ele relembra que acabam de surgir denúncias seríssimas contra membros do PSDB e questiona: “vamos apoiar um candidato desse partido? ” Segundo o senador carioca, “é hora da gente ir pra cima do PSDB”.
O deputado José Américo reconheceu que no passado o PT chegou a realizar alianças com o PSDB no Estado, mas que na atual conjuntura, na qual “a presidenta Dilma foi derrubada por um golpe de estado organizado pelo PSDB e pelo PMDB”, esse tipo de aliança não é mais possível.
“Passamos a viver uma realidade diferente depois do golpe, que nos coloca na posição de fazer uma oposição dura, intensa e clara no Estado, para que possamos recuperar a credibilidade de nosso povo”, disse Américo. Para ele, é preciso “recuperar nossa credibilidade e nos reaproximar dos movimentos sociais. Precisamos combater a política de criminalização dos movimentos sociais promovida pelo tucanato”.
Américo acrescentou que a Alesp deve ser transformada em uma “caixa de ressonância” dos movimentos sociais e que é fundamental boicotar os golpistas, mesmo perdendo espaço na mesa. “Mesmo que a gente fique de fora, deixamos nossa política clara, que somos oposição renhida e inequívoca ao tucanato de São Paulo”.
João Paulo Rillo afirmou que “em um golpe de estado continuado, não faz o menor sentido o PT depositar seu voto em uma figura que já falou publicamente que o PT age como um bandido”. Em setembro do ano passado, Macris escreveu artigo em um grande jornal onde afirmava que “o PT e seus associados agem como um bandido que, ao furtar a carteira de alguém, grita ‘pega ladrão’”.
Para Rillo, “a verdade é que após 13 anos de governo ficamos contaminados com o presidencialismo de coalizão e reproduzimos essa fórmula nos estados e municípios. Se havia instrumentos para fazer disputa de hegemonia, hoje não há mais condições”. Ele também afirmou que o partido “tem capacidade incrível de mobilização e recuperação, uma base íntegra e atenta, que mudou a posição nacional da bancada de deputados federais e poderá mudar a posição da nossa bancada. É importante para povo paulista que a bancada do PT faça oposição séria e contundente”.
Já o deputado Carlos Neder, afirmou estar preocupado com uma oposição paulista que parece estar aquém do que se espera do PT. “Queremos oposição a esse projeto que, partindo de São Paulo, quer chegar ao Brasil, indo muito além dos retrocessos em políticas sociais já observadas na gestão do golpista Michel Temer”. Para ele, a decisão sobre o voto na nova mesa diretora da Alesp deve ser tomada com a participação da direção estadual. “A razão de ser desse debate é nos preparar para uma discussão duríssima que teremos no dia 15, quando o PT vai ter que dizer o que propomos de mudança, que parta de nossos mandatos, mas que guarde coerência com o Partido dos Trabalhadores”.
A vereadora Juliana Cardoso reforçou que “aconteceu um Golpe de Estado, que está em curso, aonde a briga é com o PT, mas que é diretamente ligada ao povo trabalhador”. Pra ela, “quando vivemos um golpe, precisamos ter gesto, ação política. O PT tem que voltar a fazer a radicalização da oposição pois estamos fazendo a luta do povo trabalhador”.
Por Pedro Sibahi, da Agência PT de notícias