No Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, celebrado nesta sexta-feira (3), a jornalista da “TV Globo” Maria Júlia Coutinho foi vítima de comentários racistas nas redes sociais. Como ação em defesa da apresentadora, internautas, entre eles, políticos e jornalistas, iniciaram uma ampla mobilização na internet com a hashtag #SomosTodosMajuCoutinho.
O termo atingiu o Trending Topics na tarde de hoje no Twitter. Os ataques à jornalista começaram após a publicação de um vídeo com a previsão do tempo em que Maju, como é chamada, aparece, na página do Jornal Nacional no Facebook.
Diversos petistas participaram da mobilização, como as deputadas federais Erika Kokay (DF) e Maria do Rosário (RS), o ministro da Defesa, Jaques Wagner e o deputado federal Alessandro Molon. A ação teve como objetivo alertar para a prática do crime de racismo, muitas vezes impune quando praticada no ambiente virtual.
Para Erika Kokay, os discursos de ódio são uma ameaça à democracia. “É preciso ressaltar que esses discursos não têm inocência, eles aram o terreno para ações de ódio”, alertou.
Na avaliação do secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, Nelson Padilha, as ações contra Maju também tem como componente o preconceito de gênero. “Os homens negros são mais tolerados que as mulheres negras”, disse.
Erika Kokay concorda. “O componente discriminatório não vem sozinho. Ele abre brechas para que outros e todos têm sempre a mesma digital, que é o fato de não encarar, não reconhecer a humanidade no outro”, ressalta.
O ministro da Defesa ressaltou, em sua página no Facebook, a importância de encontrar os localizar os responsáveis pelos atos ofensivos. “Assim como milhões de brasileiros, espero que os autores das mensagens sejam identificados e devidamente punidos”, escreveu.
Racista – Padilha chama a atenção para o fato de a vítima trabalhar na emissora de TV que, segundo ele, é uma das maiores porta-vozes de racismo no Brasil. “Os estrangeiros que assistem as novelas da Globo acham que todo negro no Brasil é empregado doméstico”, analisa.
Para ele, a representatividade negra na emissora deveria ser bem maior, já que mais da metade da população brasileira é negra. “Os movimentos sociais já fizeram inúmeras denúncias à emissora, que nos esconde em seus roteiros. Eles fazem novelas na Bahia e no Rio de Janeiro com pouquíssimos negros no elenco”.
Os comentários dos racistas contra Maju foram um tiro no pé, de acordo com o secretário. “Com essas ações, eles fortalecem o movimento. Racismo é burrice”.
Profissionais da Rede Globo também saíram em defesa da jornalista. Entre eles, William Bonner e Renata Vasconcellos, com quem Maju divide espaço no Jornal Nacional (JN). Os demais integrantes da equipe do programa também participaram do vídeo postado no perfil do JN com #SomosTodosMaju.
Maria Julia estreou no JN em abril, após reformulações no programa com o objetivo de deixa-lo mais descontraído. Desde então, ela tem sido alvo de comentários como “cabelo ruim” nas redes sociais.
Luta – O Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial é celebrado em 3 de julho, em referência à aprovação da Lei 1.390/1951, conhecida como Lei Afonso Arinos. O texto incluiu a prática de atos resultantes de preconceitos de raça ou cor entre as contravenções penais.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias