Os últimos dias foram marcados pelo endurecimento do discurso de golpe contra o governo eleito democraticamente. Durante o Congresso do PSDB que reelegeu Aécio Neves como presidente do partido, no domingo (5), parlamentares falaram em “antecipar eleições” e convocar a população às ruas.
Para o deputado federal Afonso Florence (PT-BA), os ataques da direita não se restringem ao governo e o PT. Eles se dirigem também os adolescentes em conflito com a lei, a comunidade LGBT, os indígenas e quilombolas, que veem o direito à terra ameaçado, e aos trabalhadores, com a PEC da Terceirização do Trabalho.
“É uma luta de classes, um desrespeito não só à vontade do povo que elegeu o atual governo, mas um atentado aos direitos conquistados, por meio de uma agenda conservadora”, detalha. “O que está em jogo é a história do País”, analisa.
De acordo com o deputado, essa não é a primeira vez que a direita brasileira se deixa levar pelo desespero. “Aconteceu na época de Getúlio Vargas e fizeram uma tentativa com o Lula, mas a sociedade civil se manifestou”, lembra. Para ele, trata-se de um tipo de orientação política que não respeita a vontade popular.
A doutora em Filosofia Política e professora da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) Roseli Coelho elogia a maneira como o governo tem se posicionado diante dos ataques. “O governo está respondendo com serenidade e ao mesmo tempo, com firmeza”.
Roseli denuncia o apoio da mídia às ofensas contra a presidenta Dilma Rousseff e à tentativa de golpe. “A imprensa deveria denunciar, mas foi incorporando, de modo que se pode tudo, inclusive xingar e ofender a presidenta”.
Na avaliação da professora, não há base legal para um possível impeachment de Dilma Rousseff. Portanto, apenas um golpe de Estado poderia destituí-la. “Se acontecer a porta o inferno estará aberta, não há como projetar o futuro. Poderia acontecer, inclusive, um golpe dentro do golpe. É o pior dos mundos, é o fim da democracia no País”, alertou.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) defendeu ser fundamental respeitar a Constituição e a vontade popular. “Não vamos admitir qualquer ruptura na ordem democrática, vamos denunciar e, evidentemente, o povo vai segurar o seu governo. Não admitimos qualquer tentativa de golpe”, disse.
Florence acrescentou que o partido vai estreitar as relações com a base e os movimentos sociais como resposta à direita. “Vamos intensificar a disputa com a participação de todas as esferas e com os demais partidos da esquerda na defesa de uma agenda de fortalecimento de direitos”.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, nesta segunda-feira (6), o ministro de Direitos Humanos, Pepe Vargas, reiterou que não há qualquer base legal para um possível pedido de afastamento da presidenta. “Quem defende uma posição desta natureza está defendendo uma posição de golpe”.
Por Cristina Sena, da Agência PT de Notícias