Em mais uma decisão considerada como arbitrária pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), a diretoria da Petrobras decidiu suspender a oferta de gás para as distribuidoras da região Nordeste a partir de 2022.
Em comunicado divulgado na última terça-feira (30), a FUP, pelo seu coordenador geral, Deyvid Bacelar, denunciou o que ele chama de “privatização em pedaços” da estatal realizada pelo governo Bolsonaro, que tem o objetivo de reduzir ao máximo o tamanho da petroleira.
“Mais uma vez, o que vemos é uma atitude da gestão da Petrobras de reduzir uma empresa gigante, controlada pelo Estado, a um tamanho ínfimo, sob uma justificativa infundada de redução de endividamento. Assim, vai se confirmando a teoria da ‘privatização aos pedaços’ da Petrobras. Estão pegando uma mansão e quebrando suas janelas, suas paredes, tirando tudo o que ela tem dentro. Vão deixar somente um telhado, que não vai ser suficiente para proteger o caixa da empresa”, diz um trecho do texto.
“Esquartejar” a Petrobras
Segundo o coordenador da FUP, com o gás natural sendo reinjetado pela estatal por falta de mercado para o produto, não haveria nenhuma razão econômica para se suspender o abastecimento para as distribuidoras nordestinas a partir do ano que vem.
A FUP já anunciou que pretende tomar medidas judiciais contra a decisão da gestão atual da Petrobras de suspender a oferta de gás natural ao Nordeste.
Para a Federação, como o governo Bolsonaro não tem força política e nem argumento econômico para propor ao Congresso Nacional a venda da maior estatal brasileira, a estratégia então é fazer o “esquartejamento da companhia”. E o presidente ainda “usa a Petrobras como um instrumento de vingança pessoal contra a região Nordeste, onde perdeu as eleições de 2018 e tem os seus piores índices de popularidade”, emenda Deyvid Bacelar.
Estranha coincidência
Na nota, a entidade também estranha o fato de que, após o anúncio da futura suspensão do fornecimento, duas distribuidoras de gás canalizado do Nordeste, a Bahiagás, da Bahia, e a Sergás, de Sergipe manifestarem-se contrárias à venda da Gaspetro à Compass Gás e Energia, do grupo Cosan.
Bahiagás e Sergás decidiram exercer seu direito de preferência na compra da parte da Gaspetro em seu quadro acionário, para evitar que a Compass exerça qualquer poder sobre as empresas. “Curiosamente, no dia seguinte a esse anúncio a gestão da Petrobras decide cortar o suprimento de gás natural para o Nordeste a partir de 2022 – ou seja, daqui a cinco meses”, citou a nota.
O governo da Bahia fez uma manifestação contrária a venda da Gaspetro. A Petrobras detém 51% na Gaspetro, que possui participações em 19 distribuidoras de gás, incluindo 24,5% das ações da BahiaGás. Como anunciado pela Petrobras, a Gaspetro será vendida para a Compass por R$ 2,03 bilhões.
Da Redação, com informações da FUP