O ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli afirmou que a Petrobras é uma empresa altamente fiscalizada, e que os escândalos de corrupção denunciados pela imprensa correspondem a uma parcela muito pequena do total. ”Como a mídia destaca o tubo enferrujado saindo dinheiro, a associação é de que a Petrobras é um mar de lama quando não é, é ao contrário”, explicou ele.
“A Petrobras, diferentemente da Chevron, é uma empresa muito fiscalizada”, disse ele, evento “O Brasil do Golpe: O Plano Temer sob Análise”, promovido pela Fundação Perseu Abramo.
Gabrielli afirmou que 97% das atividades da empresa são corretas e que o controle na estatal é muito maior que nas empresas privadas.
O problema, avalia o ex-presidente da Petrobras, é que, como o volume de contratos é muito grande, desvios que proporcionalmente são muito pequenos representam uma quantia muito grande de dinheiro.
“(Após as denúncias) quando a Petrobras contratou escritórios de investigação, copiaram todos os computadores, e investigaram profundamente a empresa e a conclusão que não tinha como perceber o que estava acontecendo”, explicou.
Renda do Petróleo em disputa
Segundo Gabrielli, durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi gestada o modelo de partilha do pré-sal, que garantia a participação da Petrobras em todos os contratos do pré-sal e, portanto, que os recursos ficassem no país.
Com o novo governo golpista, essa visão está em risco, e o pré-sal corre risco de ser apropriado pelas petroleiras estrangeiras, sobretudo norte-americanas. Isso porque tramita no Congresso Nacional um projeto do ministro golpista das Relações Exteriores José Serra (PSDB) que muda o regime de partilha, retirando a participação da Petrobras nos leilões do pré-sal, o PL 4567/2016. “As relações do Serra com a Chevron são publicamente reconhecidas”, afirma Gabrielli.
“A apropriação dos rendimentos do petróleo é uma disputa histórica e que fez parte de todos os últimos debates eleitorais no país”.
Com o pré-sal, o Brasil ganha importância no setor petroleiro no cenário internacional. “As áreas novas de exploração têm diminuído no mundo, e nessas áreas novas o Brasil é imbatível, o pré-sal é imbatível. Nesse sentido que o Brasil torna-se a principal fonte mundial de novas áreas de petróleo”, afirmou ele.
Cadeia produtiva
Segundo o ex-presidente da empresa, a Petrobras tem hoje uma gestão muito financeirizada. Isso significa que a estratégia da empresa é vender ativos e gerar caixa para pagar dívidas. O problema, aponta Gabrielli, é que isso resolve a situação financeira a curto prazo, mas enfraquece no longo.
“A Petrobras está vivendo problemas financeiros, isso é real. Mas é possível ter uma solução financeira de curto prazo sem comprometer o longo prazo”, explica.
Outro problema é o enfraquecimento das empresas de engenharia nacionais devido a Operação Lava-Jato.
“A destruição dessa cadeia produtiva vai inviabilizar essa política de produção nacional. Vai aumentar a importação de plataformas e vai agravar a dependência do país a uma commoditie. Vai fazer com que grande parte dessa renda seja carregada para fora e não seja revertida para o povo”, afirma.
Por Clara Roman, da Agência PT de Notícias