A convergência de alguns fatores pode trazer as primeiras boas notícias para a Petrobras desde que, em abril, abateu-se sobre a petrolífera brasileira um tsunami de denúncias de corrupção, vindas a público pela operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Entre eles, o aumento nos preços (3% na gasolina e 5% no óleo diesel) concedidos pela Petrobras, em novembro, e a redução ininterrupta das cotações do preço do petróleo no mercado internacional, desde junho de 2014,
Com uma folga de 60% em relação aos preços da gasolina no exterior, segundo informações da agência de notícias americanas Bloomberg, a Petrobras pode recuperar as perdas financeiras sofridas nos últimos seis anos. Neste período, a estatal desembolsou recursos próprios para custear a prática de preços abaixo dos custos com importação do combustível.
A Petrobras anunciou, em nota oficial, que os preços de produção de petróleo do Pré-sal estão na faixa de US$ 45 o barril. Isso os colocam na condição de competitivos com os valores praticados internacionalmente e concede viabilidade econômica à exploração da jazida brasileira.
“A companhia informa que o break even (preço mínimo do barril a partir do qual a produção é economicamente viável) planejado no momento em que foram aprovados os projetos de produção do Pré-sal situava-se no entorno de US$ 45 por barril, incluída a tributação e sem considerar os gastos com infraestrutura de escoamento de gás”, diz a Petrobras, na nota.
Considerados esses gastos, acrescenta a Petrobras, o valor pode aumentar entre US$ 5 e US$ 7 por barril, chegando ao máximo de US$ 52. Os preços em Nova York esta semana baixaram ao mínimo de US$ 50 o barril (menor preço desde 2009) e, em Londres, a US$ 53.
Volatilidade – O Brasil não é autossuficiente na produção de derivados e por isso é obrigado a importar petróleo leve e derivados (gasolina e diesel), apesar de extrair dos campos nacionais mais óleo cru do que as necessidades do País. Os excedentes da produção nacional, de óleo com perfil mais pesado, são exportados.
A Petrobras não informa o tamanho das perdas acumuladas desde 2008 a serem respostas e evita estimar o prazo necessário para concluir essa reposição, ao final do qual poderia estudar a redução nos preços internos da gasolina.
Tal medida poderia, inclusive ser usada como estratégia de competição para impedir a expansão de novos importadores de combustíveis no país. Informações de mercado dão conta que esses novatos tentam abocanhar parte do mercado brasileiro e a Petrobras quer impedi-los ao promover uma redução nos preços.
Um outro fator pode funcionar como obstáculo à redução dos preços dos combustíveis no Brasil, que é a possível recriação da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Essa hipótese ganha força depois que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) anunciou, na segunda-feira (5), sua disposição em aprimorar a arrecadação do Tesouro com revisão em impostos.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias