Os trabalhadores e as trabalhadoras da Petrobrás seguem na greve nacional, que teve início no último dia 1º, contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná (Fafen-PR) e a demissão de mil petroleiros e pelo o cumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
Apesar das pressões da estatal tanto no Tribunal Superior do Trabalho (TST) quanto nas conversas individuais com os trabalhadores, a paralisação das unidades do Sistema Petrobras entra no sexto dia com mais adesões e com centenas de gestos de solidariedade de parlamentares, da sociedade e dos movimentos populares organizados.
Nesta quarta-feira (5), um dia depois do ministro do TST, Ives Gandra Martins Filho conceder liminar à Petrobras determinando a manutenção de efetivo e multa para os sindicatos filiados a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e após a direção da federação afirmar que a greve continua, as gerências da Petrobrás passaram a assediar os trabalhadores em greve, com intimidações para que compareçam ao trabalho, inclusive, com convocações de documentos formais da empresa.
“Não aceite reuniões isoladas com gerentes. Em caso de assédio, grave as conversas, não assine documentos e responda que o sindicato deve ser procurado. A interlocução com a empresa é feita nacionalmente pela Comissão de Negociação Permanente da FUP que está ocupando uma sala no quarto andar da sede da Petrobrás”, orientou a FUP por meio de nota e vídeos divulgados nas redes sociais.
A resposta da categoria foi mais paralisações, tanto nas áreas operacionais, quanto administrativas. Só na Bacia de Campos, trabalhadores entregaram a produção às equipes de contingência da Petrobrás em 20 plataformas.
Nas refinarias, terminais e demais áreas de produção da petroleira, a greve já atinge mais de 50 unidades, em 12 estados do país, mobilizando cerca de 18 mil de trabalhadores. Veja o quadro abaixo.
Na Fafen-PR, os petroquímicos e petroleiros estão há 17 dias acampados em frente à unidade, resistindo contra as mil previstas para terem início no próximo dia 14.
Além de impedir as mil demissões na Fábrica de Fertilizantes da Petrobrás, a greve dos petroleiros cobra a suspensão imediata das medidas unilaterais tomadas pela gestão, que ferem o Acordo Coletivo e estão afetando a vida de milhares de trabalhadores.
Solidariedade
A força do movimento e a determinação dos petroleiros de defender a Petrobras vêm atraindo a atenção e a solidariedade de parlamentares, representantes de movimentos populares e da sociedade em geral.
Em pronunciamento no Congresso, a deputada Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT, apoiou a greve dos petroleiros e cobrou da Casa que trabalhe para conter a privatização da Petrobras.
O PT e o PCdoB, junto com outros partidos de oposição, decidiram articular no Congresso a aprovação de uma lei, em regime de urgência, para que nenhuma subsidiária e empresas controladas por estatal seja privatizada sem autorização do Parlamento. A decisão foi tomada nesta quarta, durante reunião na liderança do PT na Câmara entre integrantes dos dois partidos e representantes dos petroleiros, que estão em greve há cinco dias em todo o País em protesto contra a privatização e fechamento de unidades da Petrobras, além das demissões em massa de profissionais do setor.
Ao vivo, durante entrevista à TV 247, o ex-presidente Lula, o presidente que mais investiu na petroleira confirmou que estará na porta da Sede da Petrobrás (Edise), no ato que a categoria vai realizar nesta sexta-feira (7).
Em seu perfil no Twitter, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, ressaltou que a greve é em defesa dos direitos do povo e da maior empresa nacional, dilapidada pelos entreguistas a serviço das empresas transnacionais e declarou a do MST e dos movimentos sociais aos companheiros petroleiros.
O mesmo fez o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, foi direto em seu apoio, também em seu perfil no Twitter e apoiou incondicionalmente a greve dos petroleiros; o ator e humorista Bemvindo Sequeira, que pediu a sociedade que apoie a luta dos petroleiros; e a professora Diana Assunção.
Interlocução com parlamentares
Dirigentes da FUP e da CNQ/CUT estão desde ontem (05) em Brasília, reunindo-se com deputados e senadores do PT, do PCdoB e outros partidos do campo progressista, cobrando apoio à greve dos petroleiros. Os sindicalistas buscam interlocução dos parlamentares com a direção da Petrobrás para que os representantes da empresa reúnam-se com a Comissão de Negociação Permanente da FUP que está há sete dias acampada na sede da empresa, na Rua Chile, no Rio de Janeiro, cobrando diálogo com a gestão da companhia.
Desembargadora nega nova liminar da Petrobrás para retirada da Comissão do Edise
A Comissão da FUP, que ocupa uma sala do quarto andar do Edise (edifício sede da Petrobras) desde o dia 31 de janeiro, teve uma nova vitória nesta quinta-feira (5), contra a tentativa da direção da Petrobrás de retirar os petroleiros do prédio. A desembargadora Maria Helena Motta, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª Região negou mandado de segurança interposto pela empresa à 66ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro pedindo a desocupação do local.
Vigília agita Avenida Chile
Do lado de fora da sede da Petrobrás, cresce a vigília da FUP e dos movimentos sociais. Mais de 20 trabalhadores e familiares de petroquímicos da Fafen-PR participam do acampamento montado na Avenida Chile. Uma caravana com mais trabalhadores da fábrica chega na sexta para um grande ato que terá participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A vigília é mais uma mobilização da greve nacional dos petroleiros e permanecerá ativa até que sejam suspensas as demissões na Fafen-PR, anunciadas pela gestão da Petrobrás começam no próximo dia 14. Diariamente, estão sendo realizadas aulas públicas e atividades culturais no local.
A mobilização conta com participação do MPA, MAB, MST, movimentos de estudantes, Levante Popular da Juventude, UJS, UNE, MNU, CMP, MAR, CMP/SP, entre outros movimentos organizados.
Confira o quadro de greve:
Amazonas
Terminal de Coari (TACoari) – trabalhadores aderiram à greve nesta quarta, 05/02
Refinaria de Manaus (Reman) – sem rendição no turno desde às 23h30 de 31/01
Rio Grande do Norte
Polo de Guamaré – comissão de base segue verificando as condições de segurança nas permissões de trabalho (processamento e produção de GLP, querosene de aviação e diese)
Base 34 – trabalhadores em estado de greve
Ceará
Temelétrica TermoCeará – sem rendição no turno
Fábrica de Lubrificantes do Nordeste (Lubnor) – sem rendição no turno
Pernambuco
Refinaria Abreu e Lima (Rnest) – sem rendição no turno desde a zero hora de 01/02 com 100% de adesão dos trabalhadores
Terminal Aquaviário de Suape – sem rendição no turno desde a zero hora de 01/02 com 100% de adesão dos trabalhadores
Bahia
Unidades da UO-BA (Taquipe, Miranga, Bálsamo, Araças, Candeias, Santiago e Buracica) – atividades paralisadas
Refinaria Landulpho Alves (Rlam) – sem rendição no turno
Terminal Madre de Deus – sem rendição no turno
Usina de Biocombustíveis de Candeias (PBIO) – Adesão de 100% dos trabalhadores
Espírito Santo
Unidade de tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC) – trabalhadores cortaram a rendição no turno na manhã desta terça (04/02)
Sede administrativa da Base 61, polo de produção terrestre em São Mateus – 100% de participação dos trabalhadores terceirizados e próprios
Minas Gerais
Termelétrica de Ibirité (UTE-Ibirité) – sem rendição no turno desde a zero hora de 01/02
Refinaria Gabriel Passos (Regap) – sem rendição no turno desde às 23h30 de 31/01
Rio de Janeiro
Bacia de Campos – trabalhadores de 20 plataformas seguem a orientação do sindicato de entregar a operação das unidades para as equipes de contingência da Petrobrás e pedir o desembarque imediato. Para os trabalhadores que estão em escala para embarcar, o Sindipetro-NF orientou o corte de rendição ou não comparecer aos aeroportos e heliportos.
Terminal de Cabiúnas, em Macaé (UTGCAB) – trabalhadores cortaram a rendição do turno às 23h de 03/02
Terminal de Campos Elíseos (Tecam) – trabalhadores aderiram à greve na segunda (03/02). O turno opera com o número mínimo para as instalações, um operador e um supervisor
Termelétrica Governador Leonel Brizola (UTE-GLB) – trabalhadores estão mobilizados desde segunda (03/02), com atrasos crescentes no turno
Refinaria Duque de Caxias (Reduc) – sem rendição no turno desde a zero hora 01/02
São Paulo
Terminal de Guararema – adesão dos trabalhadores à greve nesta quinta (06/02)
Terminal de Barueri – adesão dos trabalhadores na manhã do dia 03/02
Refinaria de Paulínia (Replan) – sem rendição no turno desde às 23h30 de 31/01
Refinaria de Capuava, em Mauá (Recap) – sem rendição no turno desde a zero hora de 01/02
Refinaria Henrique Lages, em São José dos Campos (Revap) – cortes alternados nos turnos
Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (RPBC) – cortes alternados nos turnos
Paraná
Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) – sem rendição no turno desde a zero hora de 01/02
Fábrica de Xisto (SIX) – sem rendição no turno desde a zero hora de 01/02
Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (FafenPR/Ansa) – sem trabalhadores da operação e da manutenção no interior da unidade. Acampamento na porta da fábrica prossegue desde o dia 21/01
Terminal de Paranaguá (Tepar) – sem rendição no turno desde a zero hora de 01/02
Santa Catarina
Terminal Terrestre de Itajaí (TEJAÍ) – trabalhadores aderiram à greve na terça (04/02)
Terminal de Guaramirim (Temirim) – trabalhadores aderiram à greve na segunda (03/02)
Terminal de São Francisco do Sul (Tefran) – trabalhadores aderiram à greve na segunda (03/02)
Base administrativa de Joinville (Ediville) – trabalhadores aderiram à greve na segunda (03/02)
Rio Grande do Sul
Terminal de Niterói (Tenit) – adesão à greve na manhã de 03/02
Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) – sem rendição no turno desde as 07h de 01/02
Por CUT