O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, receberá, na próxima terça-feira (31), os deputados do PT que solicitaram a ele reconsiderar a decisão de arquivar as delações premiadas do doleiro Alberto Yousseff contra o senador Aécio Neves, do PSDB. O convite partiu do próprio Janot, em contato com os parlamentares ocorrido durante esta semana.
Os deputados federais Odelmo Leão, Padre João e o estadual Rogério Correia, todos do PT-MG, estiveram na sede da Procuradoria Geral da República (PGR) na última semana para audiência com Janot na qual queriam entregar-lhe o pedido.
Por causa de uma viagem inesperada, no entanto, o procurador-geral incumbiu o secretário de Relações Institucionais da PGR, o procurador Peterson de Paula Pereira, de receber os parlamentares e a petição que solicita a abertura de inquérito. A solicitação foi protocolada no órgão fiscalizador às 16h23 daquele dia.
Na documentação, além de uma cópia do áudio da delação premiada, os parlamentares anexaram um processo sobre a Lista de Furnas que tramita no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, além de cópias de laudos da Polícia Federal que comprovam a autenticidade da lista.
A relação contém nomes de tucanos que receberam quase R$ 40 milhões de um esquema de propinas comandado pelo PSDB em uma diretoria da estatal, subsidiária da federal Eletrobrás.
Os recursos obtidos pelo esquema na diretoria eram divididos entre os deputados José Janene (PP-RJ) e Aécio Neves (PSDB-MG), então candidato ao governo de Minas Gerais, nas eleições de 2002. Segundo Yousseff, em suas declarações à Justiça Federal, Aécio Neves recebia também um “mensalão” no valor de R$ 120 mil do esquema. A lista aponta valores que teriam sido destinados aos políticos.
A manifestação do Sindicato dos Advogados de São Paulo pela abertura de inquérito contra Aécio, protocolada também na PGR na quarta-feira (25) foi elogiada pelo deputado Rogério Correia.
“Esta questão não deve e não pode ser tratada somente no âmbito político, mas também da legalidade”, disse o parlamentar.
“É importante que outras entidades do campo jurídico também se posicionem. As provas que apresentamos têm embasamento legal e o que ocorre é uma clara omissão da justiça”, afirmou Correia.
O deputado acredita que a mobilização de advogados e outros atores da área do direito contribui em muito para pressionar os órgãos de fiscalização e o Judiciário.
“Talvez venham a ter maior sensibilidade a partir de denúncias de seus próprios pares”, observou o deputado mineiro.
Por Márcio de Morais, da Agência PT de Notícias