A Embaixada da Venezuela no Brasil foi invadida na manhã desta quarta-feira (13) por apoiadores de Juan Guaidó, deputado que conspira para derrubar o governo de Nicolás Maduro e se autoproclamou presidente do país em janeiro. O encarregado de negócios da Venezuela, Freddy Meregote, divulgou áudio em que pede ajuda dos movimentos sociais e dos partidos políticos. “Companheiros, informo que pessoas estranhas às nossas instalações estão violentando o território venezuelano. Necessitamos ajuda e uma ativação imediata de todos os movimentos sociais e partidos políticos”, disse.
Pelas redes sociais, parlamentares de partidos de esquerda se dirigiram ao local, solicitando a presença de todos que pudessem conter a invasão.
O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS), logo que soube da invasão se dirigiu à embaixada e falou com jornalistas, além de prestar solidariedade à diplomacia e ao povo Venezuelano. Veja vídeo no final da reportagem.
Em outro áudio distribuído pelo Whatsapp, a jornalista Ana Prestes, dirigente do PCdoB que se dirigiu à embaixada, afirmou que a invasão foi seguida de violência. “Tá tendo luta corporal lá dentro”, postou.
Segundo relatos, ao menos 30 invasores participaram da ação, que ocorre durante a reunião do Brics – o bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – em Brasília. Por conta do evento vários acessos da cidade estão fechados, sob vigência de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que dificulta a chegada de outros funcionários e militantes à embaixada.
O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) conseguiu entrar. “A embaixada foi sitiada por um grupo de brasileiros e de venezuelanos, houve confronto. Eles tentaram tomar à força esse espaço. A impressão é que parte deles é de lutadores de academia contratados. É uma clara violação do direito internacional. Há indícios de participação do governo brasileiro na facilitação da invasão da embaixada da Venezuela.”
Mais tarde, vídeo com depoimento de Pimenta relatou a situação dentro da embaixada:
O golpista Juan Guaidó é reconhecido pelo governo brasileiro como presidente da Venezuela, mesmo depois de o Supremo Tribunal de Justiça daquele país ter considerado nula sua autoproclamação. Segundo reportagem do Valor, um grupo de funcionários da embaixada da Venezuela em Brasília “desertou” do governo Maduro e permitiu, pela primeira vez, a entrada de Tomás Alejandro Silva, ministro-conselheiro da embaixada nomeado por Guaidó.
Silva teve o acesso liberado de forma inédita. Outros funcionários leais a Maduro, como o atual adido militar, Manuel António Barroso, se dirigiram imediatamente então à embaixada. Relatos afirmam que o controle do local foi recuperado por volta das 8h30, mas o clima seguia tenso.
Tomás Alejandro Silva é apoiador de Maria Teresa Belandria, indicada por Guaidó a assumir a embaixada brasileira como representante do governo golpista. Desde que Jair Bolsonaro recebeu a indicação de Belandria, sua equipe tenta entrar na embaixada, sendo sempre impedida por funcionários venezuelanos nomeados pelo presidente Nicolás Maduro.
Pelo Twitter, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) alertou para o ato fascista: “Embaixada da Venezuela é invadida em Brasília em ato criminoso que fere a soberania e a democracia. Exigimos investigações e responsabilização dos culpados!” A deputada observou ainda que um representante do Itamaraty, Maurício Correia, também dirigiu-se à embaixada venezuelana, afirmando que o Brasil reconhece Guaidó como presidente e não Maduro. “Governo Bolsonaro legitima a invasão. Qual é a ideia? Implodir o Brics a mando de Trump e dos EUA?”, questiona a deputada.
A invasão é uma grave violação de tratado diplomático internacional, a Convenção de Viena, e deve ser denunciado à ONU. “Denunciamos que as instalações de nossa embaixada em Brasília foi invadida à força nesta madrugada. Responsabilizamos o governo do Brasil pela segurança de nosso pessoal e das instalações. Exigimos respeito à Convenção de Viena sobre relações diplomáticas”, afirmou em nota o ministros das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza.
A invasão da Embaixada da Venezuela no Brasil repete o que ocorreu no dia 10 de novembro na Bolívia, quando o território venezuelano também foi invadido por milícias de direita daquele país.
O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e a deputada Maria do Rosário (PT-RS) também estiveram na Embaixada.