Artistas, intelectuais, juízes, procuradores, professores universitários, lideranças religiosas e militantes independentes lotaram o Teatro Casa Grande, na zona sul do Rio de Janeiro, na noite desta segunda-feira (4), no Ato Brasil pela Democracia. Mais de mil pessoas estavam participaram do evento para discutir a situação política do país e reforçar o convite para outros manifestantes aderirem a atos contra o golpe.
“Foi um evento que superou as expectativas. Houve participação de artistas, intelectuais, juristas, que são contra a quebra do Estado Democrático de Direito e pregam respeito ao voto. Foi um ato muito plural, como há muito tempo a gente não via nos atos da esquerda”, contou à Agência PT de Notícias o vice-presidente e secretário de Comunicação do PT, Alberto Cantalice.
Também participou do evento o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). “Vamos derrotar o impeachment, e não me venha no dia seguinte com ajuste fiscal. Vamos retomar o crescimento econômico, colocar dinheiro na mão do pobre e fazer a economia crescer!”
Estava presente também uma das principais lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile. Em sua intervenção, Stédile ironizou acusações de que militantes contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff recebem sanduíche de mortadela para ir a protestos e afirmou que este é o momento para discutir um projeto de país com novas ideias.
“O desafio que nós temos nas ruas é: nós como militantes mostrar pro povo e explicar pra eles que o problema não é a Dilma, o problema é a corrupção, o problema é um projeto pro país que está em jogo” disse.
“Eles precisam desmoralizar Lula porque ele é o fantasma da classe trabalhadora para 2018 (…) Nós temos obrigação de parar o golpe e garantir a democracia”, afirmou.
Desde março, manifestantes independentes e de diversas organizações têm realizado atos em repúdio ao processo que visa acabar com o mandato de Dilma. O principal deles aconteceu no dia 31 de março, data em que o país relembrou o golpe militar que deu início à ditadura (1964-1988). Mais de 60 grupos já fizeram manifestos, abaixo-assinados e petições para denunciar o golpe. Confira abaixo o que falaram outros participantes do evento:
Leonardo Boff, teólogo: “Precisamos entender que o golpe contra a democracia não é apenas contra a democracia. É contra um tipo de projeto de Brasil, de sujeitos históricos que vêm lá de baixo, da grande tribulação da vida movimentos sosciais – Sem-Terra, Sem-Teto, mulheres, afrodescendentes, indígenas – toda essa gente que formou a massa de marginalizados do povo brasileiro e que, com o tempo, conseguiu acumular forças e quis reiventar um outro tipo de Brasil”.
Tico Santa Cruz, cantor: “A gente não tem medo do front. A gente botou a cara. A classe artística neste momento resolveu se levantar e isto é importante demais para o Brasil. É importante que a classe artística se levante sem medo. O povo está com a gente, está do nosso lado”.
Wagner Novais, cineasta: “Eu votei. O jogo não é este? Não é ir lá e apertar o botão verde e confirmar? (…) Eu estou aqui para não ter esta cultura do golpe. Você, de direita, você tem que se ligar. Se quiserem tirar quem você votou, vão meter a mão e tirar quem você votou. Estou aqui pelo meu direito de discutir, inclusive. Se num Estado de Direito o preto é esculaxado, morre, imagina num Estado de exceção. Estou aqui por causa disso. Só”.
Humberto Carrão, ator: “Eu acho que a minha geração – tenho 24 anos – talvez não tenha ideia ainda da responsabilidade que a gente teria que ter e do processo que a gente poderia voltar a viver. É quase um fantasma do que nossos pais passaram. Onde meus pais estavam nos anos 70? Onde seus pais estavam nos anos 70? É questão de se posicionar agora e tentar não repetir alguns caminhos”.
A vídeo com o ato completo está disponível no YouTube:
Por Daniella Cambaúva, da Agência PT de Notícias