Policiais da Divisão de Homicídios da Polícia Civil e promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro prenderam, na madrugada deste terça-feira (12), dois suspeitos dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Segundo a denúncia, o policial militar reformado Ronnie Lessa teria feito os disparos, enquanto que o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz dirigiu o carro que perseguiu as vítimas.
A investigação, segundo reportagem do G1, ainda tenta esclarecer quem foram os mandantes do crime. De acordo com a denúncia, “é inconteste que Marielle Francisco da Silva foi sumariamente executada em razão da atuação política na defesa das causas que defendia”. Os assassinatos completam um ano nesta quinta-feira (14).
Os dois suspeitos estavam saindo de casa quando foram presos pela operação, e não resistiram à prisão. De acordo com informações do G1, Lessa estava em sua casa em um condomínio na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, o mesmo onde o presidente Jair Bolsonaro tem residência. Élcio estava em casa, na Rua Eulina Ribeiro, no Engenho de Dentro.
Suspeitos pesquisou itinerário de Marielle
Os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) disseram, segundo o G1, que o crime foi meticulosamente planejado por pelo menos três meses. A investigação identificou que Lessa fez pesquisas na internet sobre os locais que Marielle frequentava. Ele também pesquisava, desde outubro de 2017, a vida do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), ex-chefe da vereadora.
Reportagem da Folha de S.Paulo, desta terça, aponta que Lessa entrou na lista de suspeitos após ser vítima de uma emboscada, em 28 de abril. A suspeita seria que pessoas envolvidas no crime teriam tentado promover uma queima de arquivo. Ainda de acordo com a publicação, os dois suspeitos também foram denunciados por tentativa de homicídio da assessora de Marielle que sobreviveu ao atentado.
O jornal O Globo informou que Lessa atuava no 9º Batalão de Polícia Militar (Rocha Miranda), chefiado, em muitos momentos, pelo tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira. O oficial é conhecido por ter sido condenado a 36 anos de prisão, acusado de ser o mandante do assassinato da juíza Patrícia Acioli. Ele cumpre pena na Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
À Folha, a vívua de Marielle, Mônica Benício, disse que as prisões desta terça são um importante passo das investigações, mas lamentou que a principal dúvida não foi esclarecida – quem mandou matar a vereador. “Não basta prender mercenários, é importante saber quem mandou articular tudo isso e qual foi a motivação”, afirmou.
Mônica também criticou a demora na solução do caso, uma vez que se trata de um crime político com repercussão internaciona. “Lamentável que a gente chegue a uno ano para poder responder a esta primeira etapa, que é importante, mas que não é principal”, disse.
Marcelo Freixo disse, ao G1, que apesar das duas prisões, o crime “não está resolvido”. O parlamentar também questiona quem mandou matar a vereador e o motorista. “São prisões importantes, são tardias. É inaceitável que a gente demore um ano para ter alguma resposta. Então, evidente que isso vai ser visto com calma, mas a gente acha um passo decisivo.
“Mas o caso não está resolvido. Ele tem um primeiro passo de saber quem executou. Mas a gente não aceita a versão de ódio ou de motivação passional dessas pessoas que sequer sabiam quem era Marielle direito”, disse.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do G1 e Folha de S.Paulo