A pobreza multidimensional crônica entre a população negra do País caiu 10,9% nos últimos onze anos. Segundo o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o percentual, foi reduzido de 12,6% , em 2002, para 1,7% no ano passado graças ao sucesso do Plano Brasil Sem Miséria.
A análise considera quesitos como acesso à educação, saúde, o padrão de vida das pessoas e outras subdivisões desses aspectos que integram o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) estabelecido pela Organizações das Nações Unidas (ONU). Em termos gerais, o índice no País caiu de 8,3% para 1,1% da população.
Os números foram divulgados nesta terça-feira pela ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, durante o Seminário Internacional WWP- Um Mundo sem Pobreza.
No Nordeste, no mesmo período, o índice caiu de 17,9% para 1,9%. Entre as famílias com pelo menos um filho de seis anos, caiu de 13,4% para 2,1%. O Banco Mundial considera como pobreza crônica no Brasil indivíduos com renda até R$ 140 mensais e m pelo menos três das sete subdimensões estabelecidas pelo IPM, como nível de escolaridade, nutrição e acesso a bens e serviços.
Em sua apresentação no painel “A experiência brasileira na superação da extrema pobreza”, a ministra atribuiu o sucesso dos índices às iniciativas do governo federal, como o Plano Brasil Sem Miséria que envolve ações como o Bolsa Família.
Segundo o Secretário Extraordinário para a Superação da Extrema Pobreza do MDS, Tiago Falcão, a visibilidade do Cadastro Único a que ficaram expostas as famílias do programa Bolsa Família possibilitou que elas fossem encaminhadas a todos os demais programas do governo, como Luz para todos, Creches, Pronatec, entre outros.
“São 50 milhões de pessoas que passaram a ter acesso à moradia, água, alimentação, educação e bens de consumo. A falta de acesso a todos esses e outros aspectos caracteriza a pobreza multidimensional crônica”, disse o secretário.
Antes do lano, a pobreza multidimensional atingia 71% dos negros, 60% dos nordestinos e 40% de crianças e adolescentes de 0 a 14 anos.
O Bolsa Família atende a 14 milhões de famílias e o principal critério para o acesso programa é a renda. Mas, durante sua apresentação, Tereza Campello ressaltou que o combate à pobreza foi enfrentado não apenas sob o aspecto da renda, mas sob todas as dimensões que a causam e condicionam as pessoas ao estado de pobreza.
“Muita gente acaba atribuindo ao Bolsa Família, mas o programa é apenas parte de um modelo de desenvolvimento econômico inclusivo”, disse a ministra.
Além do principal programa social do governo, a ministra incluiu o aumento do salário mínimo, a geração de empregos e o fortalecimento da agricultura familiar como demais vetores dos avanços sociais alcançados.
O seminário foi produzido por um amplo grupo focado no combate à pobreza, formado pelo Banco Mundial, MDS, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR) e o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Por Guilherme Ferreira, da Agência PT de Notícias.