Você já esteve em um encontro, um congresso, uma conferência de gente jovem? Não um festival musical, não jogos universitários, um encontro de gente jovem que se reúne porque tem ideias em comum, sonhos compartilhados, vontade de lutar juntos? Custa descrever. A energia. Os gritos com verdade.
Ôôô Moooro,
queria que você
Ôôô Moooro,
queria que você
Entendesse que não dá
pra acabar com o PT
Entendesse que não dá
pra acabar com o PT
Este coro ecoou incontáveis vezes ao longo do sábado, dia 2 de junho, no segundo e penúltimo dia do Congresso Extraordinário da Juventude do PT, em Curitiba.
Este grito, como uma grande bandeira sonora, em mais de 1.200 vozes de gente jovem do Brasil todo, do Chile, da Argentina, do Paraguai, do Uruguai e da África do Sul, resume muita coisa. Custa descrever.
Até ser tolhido por um golpe, o governo do PT no Brasil durou pouco mais de 13 anos. Significa dizer que todos esses jovens que estavam neste sábado cantando e debatendo no Congresso de Curitiba viveram sob o governo do PT desde que começaram a entender e se interessar por política.
A rebeldia, tão natural do ser humano quando jovem, costuma fazê-lo contrário ao que está posto, a quem está no poder, a tudo isso que está aí. E então esses jovens, que vieram ao frio de Curitiba acampar para discutir política, não têm rebeldia? Criaram-se politicamente sob governos do PT e ainda assim gritam de peito inteiro sua escolha pelo projeto do Partido dos Trabalhadores. Não são rebeldes?
Com a palavra, Clélia Moreira, estudante secundarista, da Juventude Avante e do PT, de Natal, Rio Grande do Norte: “Por que precisamos resistir? Porque de onde eu venho, do Nordeste, a gente sabe quanta gente tinha morando em casas de taipa, sem três refeições por dia, e como e quando isso começou a mudar. A gente sabe quem fez cisterna no sertão, quem levou luz elétrica para quem não tinha. A gente sabe muito bem por que temos que resistir, pelo que temos que lutar, por que colocamos a estrela no peito.” Rebeldia com causa.
Com a palavra, João Luís Lemos, estudante de história da USP: “Vivemos um período em que uma crise econômica está sendo jogada para as costas da classe trabalhadora. Vivemos um tempo em que 30% da juventude está desempregada. Imagine este percentual considerando só jovens pobres e negros. Para reduzir o desemprego, o que se propõe, o que se pratica? Precarização das relações trabalhistas. A conta nas costas do trabalhador. Tem um candidato que já afirmou que vai revogar as recentes medidas golpistas, que vai promover mudanças estruturais para retomar um rumo de crescimento com mais igualdade. Por isso, com muita nitidez, reafirmamos com muita força, com todas as letras, que não tem Plano B.” Rebeldia com direção.
Com a palavra, Karina Beatriz Cáceres Ortega, da Frente Guasu, do Paraguai: “O Brasil conhece a história de seu continente? Há cátedras nas universidades, disciplinas no currículo das escolas sobre a história da América Latina e Caribe? Ou sempre se olhou para os Estados Unidos e para a Europa? Alguém aqui sabe o que está acontecendo no norte do Paraguai? Sabe dos assassinatos de campesinos que lutam pelo direito à terra por lá? Os meios de comunicação noticiam esses fatos aqui? Teve um companheiro que começou a mudar isso, que criou a Unila (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), fronteira do Brasil com o Paraguai. Este companheiro, hoje, está preso. Mas estou segura que ele voltará. Lula Livre, Lula Presidente”. Rebeldia histórica.
Finalmente, com a palavra, Gleisi Hoffmann, presidenta do PT, que prestigiou os dois dias de Congresso da Juventude até agora: “A Juventude do PT não pode ser acomodada, a Juventude do PT tem que ser transgressora, inclusive com alguns códigos do próprio partido. Porque é essa transgressão, essa cobrança, essa rebeldia que faz a gente acordar, mudar nossas formas de agir, sacudir, não deixar que a burocracia tome conta do nosso cotidiano.” A rebeldia da Juventude do PT.
Por Vinícius Segalla, da Agência PT de Notícias, em Curitiba