O possível envolvimento do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, em esquema de pagamento de propinas no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) será investigado no Senado.
Nesta quinta-feira (29), parlamentares da CPI do Carf aprovaram requerimento pedindo acesso à cópia do relatório enviado pelo Ministério Público ao Supremo Tribunal Federal sobre o envolvimento do ministro em irregularidades investigadas pela Operação Zelotes da Polícia Federal.
O ministro, relator do processo que resultou na recomendação de rejeição das contas de 2014 da presidenta Dilma Rousseff, é tio de Juliano Nardes. Segundo as investigações, os dois foram sócios em uma das empresas investigadas pela operação.
Dois ex-funcionários do escritório de advocacia de José Ricardo da Silva, ex-conselheiro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), em acareação na comissão, disseram ter feito pagamentos em espécie a Juliano Nardes.
“Sei que tinha dinheiro, porque uma vez o Juliano abriu um envelope e falou: ‘Tá faltando’”, revelou a ex-funcionária Gegliane Bessa Pinto.
A contadora não soube explicar a razão dos pagamentos a Juliano, já que ele não prestaria nenhum serviço ao escritório, mas contou à CPI que ele ia com frequência ao local. Hugo Borges, também ex-funcionário no mesmo escritório, confirmou as informações.
A revelação pode comprometer o ministro Nardes. Isso porque os valores repassados a Juliano no escritório eram anotados em planilhas, em posse da Polícia Federal, junto com a palavra “tio”. Não bastasse isso, o ministro e o sobrinho são sócios na empresa Planalto Soluções e Negócios.
O Carf, órgão ligado ao Ministério da Fazenda, é a última instância administrativa de recursos relativos a processos abertos pela Receita Federal. Desde março, a Polícia Federal, por meio da Operação Zelotes, apura esquema criminoso em que conselheiros e ex-conselheiros do Carf passavam informações privilegiadas para escritórios de consultoria.
Os escritórios, muitos dos quais tinham os próprios conselheiros como acionistas, procuravam empresas multadas pela Receita Federal e, mediante pagamento de propina, prometiam manipular o andamento de processos para anular ou reduzir as multas aplicadas. A investigação já comprovou prejuízos de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, mas a suspeita é de que a fraude possa ultrapassar R$ 19 bilhões.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações da “Agência Brasil” e “PT no Senado”