Os ataques que Jair Bolsonaro (PSL) faz à China desde que era candidato à Presidência têm travado as negociações para uso de um fundo bilionário que deveria ser destinado para financiar obras de infraestrutura. A desastrosa política internacional do novo governo tem incomodado os chineses e criado empasse nas tratativas que já estavam em fase final. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (07) pelo jornal Valor Econômico.
O Fundo de Cooperação Brasil-China para Expansão da Capacidade Produtiva foi criado em 2015 para incentivar a cooperação econômica bilateral e pode chegar a US$20 bilhões em caixa. Do total US$ 15 bilhões vêm do Fundo Chinês de Cooperação para Investimento na América Latina (Claifund) e o restante vem do Brasil, com participação aberta para instituições financeiras, mas preferência para BNDES e Caixa.
Ainda de acordo com o Valor Econômico, as negociações para uso da verba estavam em fase final, mas agora devem ser freadas pelos chineses. A linha de transmissão que está sendo construída para escoar energia da hidrelétrica Belo Monte, no Pará, até o Rio de Janeiro estava “praticamente definida como desembolso inaugural”, afirmou a reportagem de Daniel Rittner e Ana Krüger.
A linha, orçada em R$10 bilhões, já está sendo construída e tem previsão de entrega para dezembro. A obra está sendo financiada por empréstimos do BNDES e a verba do fundo seria usada para compra de até 40% das ações do empreendimento que é controlado pela State Grid, uma empresa de energia da China.
No entanto, as declarações de Bolsonaro e seus aliados sobre a China fizeram com que Pequim colocasse “um freio” para liberação do valor, segundo apurou o jornal. A percepção é de que os chineses estão esperando para saber como ficará a relação com o Brasil antes de dar continuidade as tratativas.
Desastre da política internacional de Bolsonaro criou entrave
Isso acontece porque desde que era pré-candidato a Presidência, Bolsonaro tem adotado um discurso de ataque a China, parceira comercial que, entre 2003 e 2018, investiu mais de US$ 69 bilhões no Brasil.
A primeira falha diplomática de Bolsonaro com a China aconteceu em fevereiro do ano passado, quando o então pré-candidato foi a Taiwan. A ilha não tem sua soberania reconhecida pelos chineses e, portanto, não tem o direito de desenvolver relações independentes com outros países.
Depois, Jair chegou a declarar que a China “não está comprando no Brasil, está comprando o Brasil” e voltou a criticar o país em diversas oportunidades.
China tinha alertado que postura de Jair traria prejuízos para economia
Em outubro, os chineses já havia usado seu principal jornal, China Daily para alertar Bolsonaro, recém eleito, que a economia brasileira seria prejudicada se seu governo mantivesse o discurso que estava sendo adotado para a política internacional.
Os problemas com o país parceiro, no entanto, não pararam depois do dia 01 de janeiro. Ainda no início do ano, deputados do partido de Jair, o PSL, foram a China conhecer o sistema de reconhecimento facial usada para na segurança pública. Os parlamentares foram criticados pelo guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho, que chamou os parlamentares de “idiotas” pela visita e questionou se o Executivo deixaria “esses caras irem lá e entregar o Brasil para o poder chinês”.
Diante da desastrosa política internacional de Bolsonaro e seus aliados, o primeiro resultado é o entrave para liberação do fundo, que é considerado uma referência global em relações bilaterais.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do Valor Econômico