Partido dos Trabalhadores

Prefeito de Manaus: “Bolsonaro está acabando com nossos empregos”

Apoiador de Bolsonaro, o prefeito David Almeida se revolta após Bolsonaro tomar mais uma medida que ameaça cerca de 100 mil empregos no Amazonas

Site do PT

Em maio de 2021, Bolsonaro já ameaçava acabar com a Zona Franca de Manaus

Depois de Jair Bolsonaro quebrar mais uma promessa feita ao povo do Amazonas e tomar novas medidas contra a Zona Franca de Manaus, ameaçando cerca de 100 mil empregos no estado, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), desabafou. 

Conhecido por ser apoiador do ex-capitão, Almeida disse em um discurso indignado, na segunda-feira (2), que não pode mais assistir passivamente a Bolsonaro “acabar com nossos empregos”.

“Eu queria estar dizendo aqui: o presidente Bolsonaro defendeu os empregos da Zona Franca de Manaus. Isso não está acontecendo. E aqui não tem nenhum leso. Eu não sou otário, nem o povo do meu estado. O cara teve 67% dos votos aqui. A gente não tem que ficar aplaudindo ele acabar com nossos empregos. A gente que que cobrá-lo”, afirmou (assista ao vídeo abaixo). 

Em seguida, o prefeito estendeu as críticas a Paulo Guedes. “O pior ministro da Economia de todos os tempos chama-se Paulo Guedes. Abram os olhos, abram os olhos. Nós temos a maior inflação de todos os tempos, o pior índice de desemprego, o ovo é 50 centavos, o pão é 50 centavos, a conserva é R$ 15, a gasolina está quase R$ 8, o gás está mais que R$ 110, a energia está cara e, aí, sabe qual é o culpado para esse imbecil do Paulo Guedes? A Zona Franca, que significa menos que 0,9% do PIB brasileiro. Um imbecil desse, que nunca recebeu um voto, vem prejudicar o povo da minha cidade”, acusou. 

E voltou a Bolsonaro: “Minha posição em relação a Bolsonaro é essa. Eu votei nele, mas eu cobro ele. Ele tem que respeitar o povo que o elegeu.”  

Lula criticou a medida imediatamente

A revolta de Almeida foi causada por um decreto assinado por Bolsonaro na sexta-feira (30) que reduz em 35% o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de vários produtos, sem dar as devidas proteções à Zona Franca.

Tal medida, disse Lula, só poderia ser tomada por quem não se preocupa com a população da capital amazonense. “As medidas que Bolsonaro tomou contra a Zona Franca de Manaus só podem ser tomadas por quem não conhece nem se importa com o povo de Manaus, nem com o desenvolvimento do Amazonas e do Brasil”, afirmou o ex-presidente na própria sexta-feira.

Especialistas dão sustentação ao que Lula disse. Matéria publicada no sábado (1º) pelo G1 mostra que o novo decreto de Bolsonaro pode afetar até 100 mil empregos.

“Os empregos serão diretamente afetados, pois no momento que as indústrias não têm vantagens tributárias para permanecer na ZFM , simplesmente desmontam as suas linhas gerando centenas de desempregados”, explicou Marcus Evangelista, presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon).

“Entenda que não somos contra redução dos tributos porém defendemos que tenha um tratamento diferenciado quando se tratar de reduções que impactem nos produtos que aqui são fabricados”, ressaltou.

Bolsonaro ameaçou acabar com a Zona Franca

Com o novo decreto, Bolsonaro parece apenas cumprir uma ameaça feita quase um ano atrás. Em maio de 2021, quando o senador Omar Aziz (PSD), que é do estado do Amazonas, presidia a CPI da Covid e ajudava a desvendar os crimes cometidos pelo ex-capitão durante a pandemia, o atual presidente jogou baixo durante uma de suas lives: “Imagine Manaus sem a Zona Franca. Hein, senador Aziz?”

Os fatos mostram que ele cumpriu a ameaça. Em 25 de fevereiro deste ano, Bolsonaro assinou um primeiro decreto que reduzia em 25% o IPI da maioria dos produtos, incluindo vários fabricados na Zona Franca.

Em 9 de março, ao se reunir com autoridades e empresários do Amazonas, Bolsonaro prometeu um novo decreto no qual preservaria as fábricas instaladas no estado. Porém, em 15 de abril, uma nova versão do decreto sai sem as promessas feitas. 

Por fim, no dia 29, o novo decreto piora ainda mais as coisas, pois eleva a redução a 35% e ainda não traz medidas de proteção à Zona Franca.

Da Redação