O novo ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou para a presidência da Caixa Econômica Federal (CEF) o economista Pedro Duarte Guimarães, cuja trajetória acadêmica e profissional é vinculada às privatizações e ao mercado imobiliário. Além disso, a última instituição financeira na qual trabalhou está envolvida em escândalo que envolve o próprio banco estatal.
Guimarães é bacharel em Economia pela Pontifícia Universidade Católica e mestre pela Fundação Getúlio Vargas, ambas do Rio de Janeiro. No debate acadêmico brasileiro, as duas instituições se tornaram reconhecidas como pólos de formulação do pensamento econômico ortodoxo, associado ao liberalismo, se contrapondo a duas outras faculdades de economia, a UFRJ e a Unicamp, centros mais voltados ao desenvolvimentismo.
Em seu doutorado, na Universidade de Rochester, Guimarães teve como objeto de estudo os processos de privatizações brasileiros.
O novo presidente da CEF trabalhou como analista no Santander e no BTG Pactual, banco de investimentos fundado por Paulo Guedes. Participou dos processos de privatização de bancos públicos como o Banespa, Banerj e Banestado.
Foi membro do conselhos de administração da Terra Brasis Resseguros. A empresa atua na mesma área de uma das frentes da CEF que Guimarães pretende abrir ao mercado de capitais, a de seguros. A outra é a de cartões de crédito. Guimarães nega que há previsão de privatização da Caixa.
Seu último cargo no âmbito privado foi o comando o banco de investimentos Brasil Plural, com forte presença na área de petróleo, bem como no setor imobiliário, onde Guimarães tem relações familiares – é genro de Léo Pinheiro, da empreiteira OAS. Pinheiro foi o delator do “caso triplex”, que levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Um dos principais papéis da Caixa é a viabilização de financiamento habitacional, questão sobre o qual o novo presidente do banco já deu declarações contraditórias.
Dados do Banco Central apontam que o Brasil Plural tem operado no vermelho desde 2017, quando teve prejuízo de R$ 23 milhões. Em 2018, o dado parcial, foi de lucro negativo de mais de R$ 10 milhões.
O doleiro Lúcio Funaro menciona o Brasil Plural como parte de um suposto esquema envolvendo a J&F, de Joesley e Wesley Batista, que teria trazido prejuízos financeiros ao Funcef, fundo de pensão que gere a aposentadoria dos funcionários da Caixa Econômica e que era acionista da Eldorado Celulose, da J&F.
O imbróglio é investigado na operação Greenfield. O Brasil Plural nega irregularidades e afirma que colabora com as investigações. Os servidores da Caixa identificam conflito de interesses na nomeação de Guimarães por conta do caso.