O presidente da CPI do HSBC, senador Paulo Rocha (PT-PA), se reúne nesta terça-feira (16) com o vice-presidente da comissão, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), e com o relator, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), para discutir os próximos passos da CPI que investiga denúncias de irregularidades na abertura de contas por brasileiros no banco na Suíça.
O esforço do senador é para resolver o mais breve possível o empasse gerado pela demora no repasse de informações pela Receita Federal brasileira a CPI. “A CPI está num empasse por dificuldades legais para ter acesso à lista com os nomes dos brasileiros ligados a mais de 6 mil contas abertas na filial do HSBC na Suíça”, explica.
Segundo Rocha, o governo francês compartilhou essas informações com a Receita Federal brasileira, mas o compartilhamento da lista com a CPI não foi autorizado, pois só pode usá-la para fins fiscais. “Então vamos nos reunir para discutir qual a melhor forma de sair do empasse e continuar os trabalhos da comissão”, afirma o petista.
O objetivo da CPI é apurar irregularidades nas contas de mais de oito mil brasileiros clientes do banco, sob suspeita de terem cometido crime de evasão fiscal. Estima-se que os depósitos dos brasileiros possam chegar a US$ 7 bilhões. O escândalo que ganhou o nome de Swissleaks desvendou contas de 100 mil correntistas de todo mundo no HSBC. Desse total, haveria 8.667 brasileiros, responsáveis por 6.606 contas.
A CPI já ouviu o presidente do HSBC no Brasil, André Guilherme Brandão, e os jornalistas Fernando Rodrigues, do “Portal Uol”, e Chico Otávio, do Jornal “O Globo”, responsáveis por reportagens sobre o caso.
“Com esta reunião, definiremos os próximos passos da comissão, assim como as próximas pessoas que serão convidadas ou convocadas para prestar depoimento”, esclarece o presidente da CPI do HSBC.
Entenda o caso – No início de fevereiro, o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), divulgou o projeto SwissLeaks, por meio do qual foram expostos quase 60 mil arquivos com detalhes sobre mais de 100 mil correntistas do HSBC e suas movimentações bancárias, entre 1988 e 2007.
As contas bancárias reveladas somam mais de US$ 100 bilhões depositados em filiais do banco por correntistas ao redor do mundo.
À época, os dados sobre as correntes foram vazados pelo ex-funcionário do banco Herve Falciani. As informações foram entregues por ele a autoridades francesas, em 2008. Com o projeto SwissLeaks, mais de 140 jornalistas em 45 países investigam os nomes envolvidos no caso.
Desde fevereiro, a investigação feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos apontou que vários políticos, artistas, atletas, empresários e celebridades estão envolvidos em um caso de fraude fiscal com suas contas na filial suíça do HSBC.
Por Luana Spinillo, da Agência PT de Notícias