Partido dos Trabalhadores

Procurador do TCU admite que não houve pedalada em 2015

Ao depor em comissão, Marcelo de Oliveira reconhece que principal argumento para sustentar impeachment de Dilma não se sustenta

Foto: Lula Marques/Agência PT

O procurador do Tribunal de Contas da União (TCU) Marcelo de Oliveira, um dos responsáveis pela elaboração do parecer que indicou a ocorrência de “pedaladas” fiscais por parte da presidenta Dilma Rousseff, admitiu na sessão da comissão especial do impeachment no Senado que não houve pedalada em 2015.

“Em relação à Caixa Econômica Federal, em 2015, não há registro de utilização da Caixa como cheque especial”, afirmou Oliveira, contrariando o principal argumento para sustentar o golpe travestido de impeachment contra Dilma. “Não houve continuidade na prática”, completou.

Oliveira apresentou um gráfico em que mostrou que governo Dilma recorreu à Caixa Econômica Federal nos anos de 2013 e 2014, mas não em 2015. O pedido de impeachment apresentado contra Dilma tem como eixo supostas pedaladas em 2015. Com a afirmação, o procurador do TCU solidifica o entendimento de que não há argumentos jurídicos que justifiquem o impeachment.

Uma das testemunhas de acusação, o procurador desmontou o roteiro imaginado pela oposição ao responder à senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR). A senadora questionou se Oliveira dispunha os dados de 2015 do gráfico apresentado e ouviu da testemunha que, no final de 2014, “o governo faz o pagamento da Caixa”. “Em 2015, o governo não deveu mais à Caixa. Isso são recursos utilizados em 2013 e 2014”, disse. “Em relação à Caixa Econômica Federal, em 2015, não há registro de uso da Caixa como cheque especial.”

Foto: Lula Marques/Agência PT

Em seguida, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) pontuou a importância da declaração, já que a denúncia tem como base o ano de 2015. Para Lindbergh, a afirmação do procurador não deixa dúvida de que as chamadas “pedaladas” fiscais não ocorreram no atual mandato de Dilma, portanto, não há porque falar em impeachment sem reconhecer que é golpe.

A sessão foi marcada por alguns momentos de tensão mais forte, como o ocorrido entre Lindbergh e o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO). O senador da oposição lia uma matéria de jornal acusando servidores do governo Dilma de, em prática criminosa, apagarem registros e alterar documentos com vistas à dificultar a transição para um governo golpista de Michel Temer. Lindbergh rebateu, dizendo que Caiado mentia, pois a matéria é fantasiosa, quando Caiado desafiou o senador petista a “falar lá fora”. “Você não está falando com os funcionários das suas fazendas”, disse Lindbergh, antes de a sessão ser interrompida para acalmar os ânimos.

Além de Oliveira, também foi ouvido como testemunha de acusação o advogado Fábio Medina Osório, presidente do Instituto Internacional de Estudos de Direito do Estado. Contrariando a determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), Osório disse que os senadores podem analisar todo o conjunto de acusações contra a presidenta, não apenas os fatos referentes a 2015, ou seja, Dilma pode ser julgada “pelo conjunto da obra”.

Da Redação da Agência PT de Notícias