Em Timor Leste, ele participou do Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa. Nos Estados Unidos, do Programa Professor Assistente de Língua Portuguesa (FLTA). “Reaprendi a enxergar o mundo por diversos prismas, sem perder a referência sociocognitiva de ser brasileiro, nordestino, oriundo de uma família humilde e batalhador”, diz Freire, que dá aulas desde os 17 anos. Morador de Aracaju, ele leciona português no Colégio Estadual Presidente Costa e Silva e também no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Sergipe, no vizinho município de São Cristóvão. Durante sua participação no programa em Timor Leste, em 2007 e 2008, Freire deu aulas de língua portuguesa, elaborou cursos específicos para professores timorenses, desde o nível básico até a pós-graduação, fez revisão de livros didáticos, em português, de diferentes disciplinas e coordenou o projeto Ensino da Língua Portuguesa Instrumental, entre outras atividades desenvolvidas na Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), em Díli, capital daquele país do Sudeste Asiático. “O povo timorense é muito acolhedor, e me senti em casa”, diz Freire. “Enriqueci como profissional e também estabeleci relações de amizade que duram até hoje.” O Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa, promovido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), visa à formação, em língua portuguesa, de professores de diferentes níveis de ensino em Timor Leste. A proposta é reforçar o aprendizado do português, uma das línguas oficiais daquele país — a outra é o tétum. Colonizado por Portugal, Timor Leste esteve sob domínio da Indonésia durante 24 anos (1975-1999), período no qual a população esteve impedida de falar o português. Com licenciatura em letras, habilitação em português–inglês, Freire tem especialização em linguística e mestrado em letras. Fascinado pela escolha do português como língua oficial do país, em um cenário multilíngue, ele a tornou objeto de pesquisa no curso de mestrado. O Lugar da Língua Portuguesa em Timor-Leste: Poder, Controle e Acesso foi o tema da tese. O mestrado foi concluído em 2011, na Universidade Federal de Sergipe. Nos Estados Unidos, Freire ficou na Universidade Pan-Americana do Texas (UTPA), em Edinburg, entre fevereiro de 2012 e janeiro de 2013, como participante do Programa Professor Assistente de Língua Portuguesa. Por meio do programa, promovido em parceria pela Capes e pela Comissão Fulbright, ele teve a oportunidade de cursar quatro disciplinas em nível de mestrado e de dar aulas de português durante dois semestres acadêmicos. Entre as técnicas que aprendeu, o professor destaca a chamada Team Based Learning (TBL). Ou seja, aprendizagem baseada em equipe. “Significa estimular a interação face a face para o aprendizado de grupos a fim de lidarmos em contextos de salas de aulas lotadas”, explica. “Foi a realização de um sonho conviver com a cultura americana e reinterpretá-la com meus próprios olhos, sendo embaixador cultural do Brasil, aluno de uma instituição americana e professor de americanos”, ressalta. Para ele, o principal benefício do programa é o de fazer parte de uma rede de relações “com pessoas que partilham o ideal de um mundo melhor por meio do intercâmbio entre povos, suas culturas e suas representações, ao mesmo tempo em que se aperfeiçoa o inglês e se aprende in loco sobre a cultura norte-americana”. (Ministério da Educação)