O 6º Congresso Nacional do PT será o momento para um balanço desse último período e para abrir novas perspectivas aos trabalhadores e a juventude brasileira. O último período foi catastrófico e decepcionante com a diminuição da influência eleitoral, e sofremos uma “sonora goleada” nas eleições de outubro. Ainda, com o impeachment de Dilma, embora fruto de golpe, construído pela burguesia que se acolheu em torno de Temer, do PMDB. Trata-se do fim de um período onde o partido governou o Brasil e uma boa parte das principais prefeituras do país.
Qual a análise da direção do partido? Por que Dilma perdeu a sustentação parlamentar e popular e saiu da Presidência da República? Seja nas ruas ou no parlamento? Por que não partimos para o enfrentamento num terreno propício para o combate a um parlamento hostil e reacionário? E por que não a defendemos, chamando a CUT e todas as organizações de trabalhadores da cidade e do campo, deixando tudo a “meio-pau” sem sairmos em sua defesa? Por que as massas, que, diga-se de passagem, tiveram direitos retirados, não foram chamadas às ruas para defender o seu governo e muito menos se apoderou para obrigar Temer a recuar e retomar seus direitos? Será que essa massa de trabalhadores, se chamada, não defenderia o “seu” governo?
O PT nunca esteve no poder. O Estado burguês monitorou nossos governos que juraram e cumpriram a Constituição reacionária, indevidamente, chamada “Constituição Cidadã” que em momento algum garante nossos direitos, mas, sim, a propriedade privada e, agora, permite que a burguesia nos ataque para garantir sua taxa de lucro em detrimento de nossos direitos como aposentadoria, décimo-terceiro, férias, jornada de trabalho, diminuição de salário, etc.
Outrossim, as chamadas “conquistas” que, a direção afirma, nossos governos trouxeram aos trabalhadores mais necessitados, como o necessário “Bolsa-Família” (imprescindível naquele momento), etc., e tão logo o golpista biônico Temer assume, acaba com os programas, desarticula-os e desfigura-os e nos impõe medidas que nos retornam para antes da Era Vargas, caminhando para um retrocesso e uma perda incalculável! E preparam ainda mais reformas para restabelecer sua taxa de lucro.
Há dois anos que o país entrou nessa forte recessão e ela não negociará, recuará ou adiará para atacar nossos direitos. A retirada de verbas orçamentárias são para o aumento dessas taxas de lucros! Tudo sem nenhuma resistência efetiva! E são os trabalhadores organizados que podem e devem enfrentar Temer e impedir a aprovação dessas leis!
Por outro lado, devemos assumir que essa política de colaboração e de conciliação com a burguesia nacional e com o PMDB, de Temer, Renan, Jucá, Eduardo Cunha, Pezão que não paga os salários dos servidores públicos do RJ, mas não atrasa o pagamento das empreiteiras que prestam serviço ao Estado e tendo Temer, como vice, o sabotador do nosso governo e da nação, que a direção do PT lançou as bases sem nenhuma discussão ou opção, mas, sim, nos impôs, e que foram os responsáveis por toda essa catástrofe. Foi nosso governo com a política de ajustes estruturais que Joaquim Levy e Nelson Barbosa lançaram inúmeros ataques aos trabalhadores. Já os banqueiros, latifundiários, especuladores e a burguesia iam muito bem, obrigado! E esta política, de fato, nunca parou, apesar da ofensiva golpista de Temer.
Seria possível salvar Dilma sem mobilizar as massas? Só que isto exigiria mobilizar os trabalhadores para que eles pudessem se defender. Desde de que Temer assumiu o poder, nenhuma ação efetiva foi levada para combater a PEC 55 e a MP 746/16, enquanto no Paraná centenas de escolas eram ocupadas. Nada foi feito para impedir o governo de avançar sobre a Previdência ou na reforma trabalhista.
O que se materializa é que o PT continua numa coalizão com os partidos burgueses nas eleições municipais e, em especial, com o PMDB. O resultado são desencorajadores. Como nossa militância se mobilizará contra um governo que nosso partido colabora eleitoralmente em diversos municípios? O que irão escutar nas ruas?
Hoje, nossos líderes partidários continuam promovendo a colaboração de classes e, com isso, a liquidação do PT. Oferecer uma base com todos os trabalhadores da cidade e do campo retiraria o nome do PT dessa conciliação como reafirmaria seu caráter de classe e que o PT foi fundado em 1980 pelos trabalhadores para defender seus próprios interesses. O que está colocado é rompermos com estas coalizões de colaboração de classe.
Não sentarmos à mesa para negociar reforma trabalhista ou previdenciária, mas, tomando as ruas com os trabalhadores e, em uma frente, lutarmos pelos direitos dos trabalhadores e na defesa incondicional do PT. E dizemos que defender o PT como um partido de trabalhadores só pode ser na defesa dos próprios trabalhadores e foi com o PT que, em 1983, fundamos a CUT para que lutemos agora contra as medidas impostas por Temer, que promove uma guerra contra os trabalhadores e a juventude.
Conselheiro Estadual da Apeoesp, para a Tribuna de Debates do 6º Congresso. Saiba como participar.