Ao contrário do que declararam logo após o acidente que o matou Eduardo Campos, em agosto, os dirigentes do PSB sabiam da situação irregular da aeronave, mas preferiram ignorar. Nas prestações de contas que o partido apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não há qualquer vestígio do jatinho usado pelo então candidato à presidência. Isso porque a operação de compra foi feita de forma ilegal.
Segundo reportagem publicada nesta terça-feira (16) pelo jornal O Globo, João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho, Apolo Santana Vieira e Luiz Piauhylino se reuniram com a cúpula do PSB para alertar sobre as negociações para aquisição da aeronave, 48 horas após o acidente. Em campanha, Campos e sua vice, Marina Silva, utilizaram por diversas vezes o jato Cessna.
Os empresários afirmaram ter comprado o jato, parcelado, da AF Andrade, mas que a operação de transferência ainda não havia sido concluída. A justificativa era que a empresa Cessna Finance ainda não teria aprovado as garantias oferecidas.
Mesmo assim, o partido preferiu mentir. Em nota publicada no dia 1º de setembro, o PSB afirmou não ter conhecimento das negociações de compra do jatinho. Antes mesmo de iniciada a campanha, o candidato voava a bordo do Cessna, então alugado ou emprestado, conforme afirma o partido.
O avião que teria custado R$ 20 milhões ainda está registrado no nome da AF Andrade, que teria recebido os depósitos de R$ 1,7 milhão de empresas fantasmas.
Mesmo com a promessa do presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, de que os gastos com o jatinho seriam elucidados, nenhuma linha foi declarada sobre o caso ao TSE na relação de despesas de Campos, nem na do comitê financeiro nacional.
A saída encontrada pelo partido foi enviar ao TSE uma petição com os documentos de aquisição do avião e autorização de Lyra e Apolo para seu uso pela campanha do PSB.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias