Durante o programa político partidário do PSDB, veiculado na noite desta terça-feira (19), o presidente da sigla, senador Aécio Neves, cobrou que a “justiça investigue a fundo” a corrupção no país. Contundente ao ressaltar que as investigações sejam feitas “sem interferência” e “sem pressões do governo”, Aécio contraria no discurso a postura adotada por seu partido.
Exemplo disso é a apuração do caso conhecido como “Lista de Furnas”. O esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, tinha entre os objetivos abastecer a candidatura do PSDB às eleições de 2002, quando Aécio foi eleito governador de Minas Gerais.
Enquanto a Operação Lava Jato apresenta 28 ações penais, a investigação sobre a Lista de Furnas está parada. Com a apuração dos casos de corrupção na Petrobras, novas evidências rondam a participação de tucanos no caso.
A contribuição dos depoimentos do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato, reforça o suposto envolvimento de Aécio no recebimento de dinheiro ilegal. A declaração do doleiro ressuscitou a Lista de Furnas. De acordo com ele, na época em que era deputado federal, Aécio estaria recebendo recurso desviados de Furnas “através de sua irmã”.
Por enquanto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) justifica não ter informações suficientes contra Aécio e considerou insuficientes as informações fornecidas pelo doleiro, pedindo assim o arquivamento das investigações sobre o tucano. Apesar da PGR recomendar o arquivamento por falta de indícios, o órgão reforça que um inquérito pode ser aberto para aprofundar as investigações caso surjam novas provas.
Diante das declarações de Youssef, parlamentares petistas cobram apuração. Os deputados federais Adelmo Leão e Padre João, do PT de Minas Gerais, e o deputado estadual Rogério Correio (PT-MG), encaminharam uma representação à PGR pedindo que seja aberta investigação, com base nos depoimentos do doleiro Youssef.
“Temos confiança e esperança de que Janot vai aceitar o pedido”, declarou o deputado federal Padre João (PT-MG), à Agência PT de Notícias.
Na avaliação do deputado federal Adelmo Leão (PT-MG), o tucano que está supostamente envolvido em casos de corrupção apresentou um discurso hipócrita. “Concordo que temos que acabar com a corrupção, começando por um uma boa auditoria em Minas, no período da gestão tucana. Aécio sempre faze uma propaganda falsa. O discurso não acompanha a prática”, afirmou.
Para o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), a apresentação de Aécio é pura demagogia. “Se fossem investigados os desvios de Furnas Centrais Elétricas que foram para caixa dois de campanha tucana, o super faturamento de obras no Mineirão, recursos do Estado que foram parar na rádio Arco Íris de propriedade de Aécio Neves e sua irmã, o aeroporto de Cláudio construído em fazenda do seu tio com recurso público, um helicóptero de cocaína, desvio de verba na saúde e educação, Aécio Neves estaria preso”, declarou Correia.
Por Michelle Chiappa, da Agência PT de Notícias