Partido dos Trabalhadores

PSDB quer mudar Bolsa Família, mas não aparece para votar

No dia da apreciação da proposta tucana na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, integrantes do PSDB não comparecem à sessão

O Governo Dilma Rousseff se preparava para comemorar os dez anos do Programa Bolsa Família, lançado em outubro de 2003 quando foi surpreendido pelo entusiasmo tucano com o projeto. Até então, os tucanos chamavam o projeto de eleitoreiro e paternalista.  A partir de outubro do ano passado, porém, o senador e pré-candidato tucano ao Palácio do Planalto, Aécio Neves (PSDB-MG), decidiu que era necessário proteger o programa de possíveis tentativas de extinção.

A mudança de opinião foi tão grande que Aécio Neves apresentou um projeto de lei (PLS 448/2013), no dia exato em que o Brasil comemorava os dez anos do programa, para defender sua continuidade. Desde então, o projeto circula pelas comissões do Senado, com modificações, adendos, votos em separado e, aparentemente, nenhuma disposição de seus defensores para votá-lo.

Nesta quarta-feira (21), a “novela” teve mais um capítulo. O primeiro item da pauta da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) era o relatório da senadora Lucia Vânia (PSDB-GO), defendendo a aprovação do projeto de Aécio com duas emendas.

Embora a base governista estivesse na Comissão no horário marcado para o início da reunião, às 9h, a relatora não compareceu. Cansado dos inúmeros adiamentos da votação,  o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE) reclamou. “Estamos debatendo esse projeto há um bom tempo”, queixou-se.

Ele lembrou que o projeto tramita na CAS desde o mês de fevereiro, sendo sucessivamente adiado, modificado e retirado de pauta. “Eu conheço a senadora Lúcia Vânia e sei que não é por que o relatório dela não esteja pronto que não será votado”, reconheceu o senador .

Ele apelou para a presidência da Comissão para que garanta a votação. “O problema é que o Bolsa Família está alimentando um desnecessário debate político e sendo utilizado nessa conjuntura”, disse, acrescentando que não há o que modificar num projeto que é absolutamente bem-sucedido.

“Precisamos aprovar ou derrubar de uma vez esse projeto e encerrar definitivamente essa discussão”, enfatizou. Presidindo interinamente a comissão, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB- AM) concordou.

Debate prolongado – A confusão em torno do Bolsa Família teve inicio quando o pré-candidato tucano Aécio Neves decidiu apresentar um projeto tentando alterar o Bolsa Família. A proposta tucana pretendia, inicialmente, que, a cada dois anos, seja revisto o acesso dos beneficiários aos recursos do programa. O projeto também propõe que, quem conseguir emprego com carteira assinada fique no programa por mais seis meses. As iniciativas são consideradas cosméticas e sem efeito algum na vida real, segundo o Governo e os parlamentares da base.

Humberto Costa tem afirmado que  o projeto tucano não passa de uma tentativa da oposição de se apropriar de um dos mais bem-sucedidos programas dos governos petistas. “O projeto (de Aécio Neves) até poderia se considerada uma ótima intenção, se o que ele defende não estivesse previsto no programa.”

Por Giselle Chassot, do PT no Senado