As comemorações pelo Dia Internacional da Mulher pelo PT terão como tema a campanha pela reforma política. Em todo o Brasil, a ação coordenada pela Secretaria Nacional de Mulheres do partido quer incentivar a reflexão sobre a ocupação da mulher nos espaços de poder e discutir a paridade de gênero na política.
Segundo a secretária Nacional de Mulheres do PT, Laisy Moriére, é preciso aproveitar a simbologia do dia 8 de março para discutir a paridade de gênero na política e, com isso, mobilizar o maior número possível de pessoas na coleta de assinaturas do projeto de reforma política do PT.
“Pela urgência do momento em que vivemos, é um tema que não pode ficar de fora da reflexão dessa data”, afirma.
A vice-presidente Nacional do PT e responsável pela campanha da reforma política do partido, Gleide Andrade, defende a adoção do modo de lista pré-ordenada para alcançar gradativamente a paridade de gênero no Parlamento, assim como deve acontecer, segundo ela, em todos as instâncias de poder do País.
“Isso não é um ideal feminista. É a garantia do Brasil como estado democrático de direito”, justifica.
Mesmo após eleger a primeira mulher presidenta da República, a participação das mulheres na política no Brasil ainda é bastante desigual. Análise feita pela Secretaria de Política para as Mulheres da Presidência da República (SPM/PR), em janeiro, mostra que o desempenho das brasileiras nas eleições de 2014 foi bastante aquém da população feminina no País.
De acordo com o levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mesmo com um número recorde de candidatas, mais de oito mil no total, o número de deputadas federais eleitas em 2014 não atingiu 10% do total.
A Lei das Eleições prevê o percentual máximo de 70% de candidaturas por gênero. Na prática, isso garantiria que, pelo menos, 30% das vagas fossem ocupadas por mulheres.
No entanto, mesmo com a lei criada para dar mais respeito à política afirmativa de gênero, o simples preenchimento das vagas não é suficiente para garantir que elas sejam eleitas. Para Gleide Andrade, ainda é difícil para a mulher participar de uma disputa eleitoral com igual condição com os homens.
“É um problema cultural e uma incoerência muito grande. Como explicar que uma população com 100 milhões de mulheres tenha uma participação tão pífia na vida política?”, questiona.
A nova composição do Congresso Nacional é a mais conservadora desde a redemocratização do Brasil, o que deve prejudicar a evolução da discussão da paridade de gênero no poder. “O congresso não fará a reforma política que o povo quer, se não houver pressão muito grande da sociedade. Tem que ter clamor das pessoas que estão em casa. É um trabalho pedagógico. Tem que politizar a sociedade para esse debate, em cada rincão desse país”, defende Gleide.
Por Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias