Partido dos Trabalhadores

PT cobra explicações sobre exercício de guerra na Amazônia

Deputados petistas querem informações do Ministério da Defesa sobre simulações feitas pelas Forças Armadas na Região Norte. Só com combustível, foram gastos R$ 6 milhões em setembro, quando o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, esteve em Roraima, na fronteira com a Venezuela. Parlamentares denunciam tensão na fronteira e se governo Trump sabia das manobras

Arte Agência PT

O PT decidiu cobrar do Ministério da Defesa explicações sobre a operação de guerra simulada, realizada pelo Exército, na região amazônica, em setembro. Sete deputados da legenda, liderada por Enio Verri (PT-PR) apresentaram requerimento de informação sobre as manobras militares na região, justamente no período em que o secretário Mike Pompeo, que comando o Departamento de Estado no governo Donald Trump, esteve em Roraima. Foram gastos R$ 8,9 milhões na atividade, que simulou um conflito na selva após invasão do território por um exército estrangeiro. Cerca de 3.600 militares participaram da atividade.

Os exercícios militares ocorreram entre 8 e 22 de setembro. No dia 18, Pompeo, fez uma visita a Roraima, região de fronteira com a Venezuela, inimigo declarado pelo governo Trump. Na avaliação de Verri e dos demais deputados petistas, a operação do Exército ocorreu em “incomum e inoportuno momento de animosidade com a vizinha Venezuela”. Os parlamentares fizeram críticas aos gastos exorbitantes feitos pelo governo de Jair Bolsonaro, justamente quando uma política de arrocho fiscal estrangula os gastos governamentais. Foram R$ 6 milhões de combustível e outros R$ 2,9 milhões foram em munição. Desse total, R$ 2 milhões se referem apenas aos custos de munição para o Astros 2020, sistema de lançadores múltiplos de mísseis considerado o maior mecanismo de dissuasão do Exército.

Líder do PT na Câmara, o deputado Enio Verri cobra explicações do Ministério do Exército sobre exercícios militares milionários na Amazônia. ”Isso só contribui para aumentar a tensão entre países com relações tradicionalmente fraternas”, adverte

“Cabe ao Parlamento, legítimo representante da sociedade, indagar e receber informações precisas sobre os reais objetivos desses exercícios de vulto das Forças Armadas nas áreas fronteiriças, realizadas em meio às queimadas na Amazônia e no Pantanal e à pandemia do novo Coronavírus, simulando combates contra supostos ‘inimigos’ externos, na presença de representantes de outros países e contribuindo para aumentar a tensão entre países com relações tradicionalmente fraternas”, diz o requerimento apresentado pelos deputados Enio Verri (PT-PT), Alexandre Padilha (PT-SP), Arlindo Chinaglia (PT-SP), Carlos Zarattini (PT-SP), Paulão (PT-AL), Rogério Correia (PT-MG) e Henrique Fontana (PT-RS).

O PT quer saber se Mike Pompeo foi avisado sobre a simulação e se chegou a haver ameaças concretas ao Brasil que levassem à simulação. Verri e os demais parlamentares ainda questionam ao Ministério do Exército se o Brasil ainda mantém potenciais inimigos externos na América do Sul. A operação realizada na Amazônia foi acompanhada pelo ministro da Defesa, General Fernando Azevedo e Silva, e o comandante do Exército, General Edson Leal Pujol.

Desde que o líder de extrema-direita Jair Bolsonaro assumiu o governo, em 2019, depois da eleição em que se notabilizou pela fuga de debates e a promoção de fake news, o Exército passou a ter uma atuação agressiva, desencadeando um movimento estranho manutenção da paz na região. A atualização da Política de Defesa Nacional e da Estratégia Nacional de Defesa, enviada ao Congresso no dia 22, mostra preocupação especial dos militares com os chamados “atores exógenos” na América do Sul. O documento não descarta a eventualidade de uma guerra na região e parece levar em consideração o incômodo da cúpula militar com a atuação da China na região, promovendo fortes investimentos.

Em fevereiro, a Folha de S.Paulo revelou um documento preliminar sobre cenários para defesa até 2040, mostrando que a França era vista como a maior ameaça estratégica ao país. O presidente francês Emmanuel Macron mantém duras críticas à política ambiental de Bolsonaro desde 2019. A França faz fronteira física por meio da Guiana Francesa com o Brasil. A diplomacia de Paris considerou a hipótese de confronto delirante.

Da Redação, com agências de notícias