Partido dos Trabalhadores

PT fortalece liderança feminina com formação nacional ‘Elas Por Elas’

Secretaria de Mulheres e Fundação Perseu Abramo capacitam companheiras para impulsionar participação política, debater feminismo e economia do cuidado em todo o país

Comunicação /SNMPT - Elas por Elas

A formação política contínua é parte fundamental da caminhada de toda mulher petista

Neste final de semana, a Secretaria Nacional de Mulheres (SNMPT), em parceria com a Fundação Perseu Abramo (FPA), realizou, em São Paulo, atividade de para capacitar formadoras nacionais do Circuito Nacional de Formação Elas Por Elas – Shirlei e Nalu . O encontro de dois dias preparou as companheiras que irão implementar a formação com base em mulheres petistas nos estados.

Com a participação da participação nacional de mulheres, Anne Moura, e o presidente da FPA, Paulo Okamotto, a atividade teve mesas de debates que giraram em torno de temas caros às mulheres como avanços e retrocessos das principais políticas públicas para mulheres da Constituição de 1988 até hoje, análise das transformações do mundo do trabalho com foco nas mulheres, importância da economia do cuidado. Durante a iniciativa ainda foi apresentada investigação sobre as filiadas ao PT e quais os principais desafios e perspectivas.

Os participantes também receberam informações de pesquisa da FPA/SESC relacionadas às mulheres negras e periféricas; análise dos principais desafios de demandas sócio-econômicas dessas mulheres. Eles aprenderam também a gerar dados confiáveis ​​para os resultados do Circuito. A qualificação é fundamental para quando na ponta conseguirmos quantificar os resultados e, com isso, gerar dados resolutos.

“É com estratégia traçada a partir do nosso perfil sociodemográfico que poderemos entender melhor os desafios e as perspectivas do nosso crescimento e participação política. E nossas formadoras e mobilizadoras nos territórios são parte essencial disso. A SNMPT defende que a formação de mulheres é essencial para nos fortalecermos coletivamente e nos organizarmos politicamente”, defendeu Anne Moura. 

Para ela, a formação política contínua é parte fundamental da caminhada de toda mulher petista. “Ela é o instrumento que nos conecta, que dá densidade às nossas lutas e nos prepara para ocupar os espaços de decisão e poder. Temas como feminismo, economia do cuidado, paridade, interseccionalidade, meio ambiente, sustentabilidade, política e tecnologia não são apenas conteúdos de estudo: são expressões das nossas vidas, das nossas dores e das nossas potências.”

O presidente da FPA também endossou a importância de haver incentivos para “estimular a participação das mulheres na política, desde a elaboração de políticas como creches, escolas em tempo integral e outras medidas para que as mulheres tenham condições estruturais de praticar a sua militância”.

Análises sobre as mulheres do PT e a política latino-americana

Durante a mesa de abertura, as companheiras Mônica Valente, secretária de Finanças da FPA, Laisy Moriére, socióloga e ex-secretária de Mulheres do PT, e Tássia Rabelo, cientista política e secretária nacional de Formação da FPA falaram sobre conjuntura nacional e latino-americana, e papel do PT e das mulheres petistas na construção das políticas afirmativas no país. 

Valente argumentou que as políticas sociais brasileiras estão diretamente ligadas aos direitos das mulheres. Para ela, é preciso que o partido assuma o protagonismo da questão das mulheres, colocando-as também no centro da estratégia política da legenda. Para isso, ela defendeu uma ação mais territorializada do PT – a exemplo do partido mexicano Morena: “o desafio do partido é o da organização territorial para você conseguir chegar com a política de formação, com o debate da estratégia política. É nos territórios onde se disputam os valores”.

Na sequência, a companheira Laisy abordou – dentre outros temas – a importância da formação das mulheres do PT. Para ela, os processos de formação política promovidos pela SNMPT representam um salto para aquelas que participam desses momentos. “As mulheres que passam pelo processo de formação no PT, se tornam outras mulheres na disputa política”, argumentou. 

Na sua avaliação, as mulheres têm que estar no centro da política. “Isso é muito importante para nós. Principalmente para as mulheres do PT, que têm uma história muito forte na construção das políticas públicas para mulheres no Brasil. Somos nós, as mulheres do PT, que começamos a discutir a questão de cotas de 30%. Nós falamos desde 88. Sendo aprovado no Congresso de 1991. É uma coisa que tem provado, porque quando nos juntamos, nós conseguimos tudo para ter gente se propõe a fazer. Foi assim na paridade. E eu tenho muito orgulho de ter liderado esse processo”, afirmou.

Encerrando a primeira mesa, Rabelo fez uma análise sobre o modelo de democracia representativa, e o desenvolvimento do sufrágio feminino no mundo. Ela destacou que há uma consolidada construção global direcionada ao fortalecimento e à manutenção do patriarcado como forma de invisibilizar a mulher, seja em países desenvolvidos, seja naqueles considerados como a periferia do capitalismo.

“A autora Lília Schwarcz, em sua análise do “contrato sexual”, demonstra que a igualdade e os contratos liberais originais foram construídos com a exclusão das mulheres, perpetuando a subordinação feminina tanto na esfera privada quanto na pública”, explicou.

Apresentações 

Elen Coutinho, diretora da Fundação Perseu Abramo, apresentou o histórico de luta e atuação das mulheres do PT. Para ela, “a história do PT não pode ser contada, apartada da luta das mulheres. As mulheres participantes da construção do Partido, seja por formas diversas de organização como núcleos, comissões ou grupos. Além disso, debates como feminismo no PT, organização das militantes, orientações políticas e orientação da participação.” 

Segundo Coutinho, as pautas centrais dos petistas sempre giraram em torno da condição específica da opressão de gênero; participação política das mulheres; o combate ao machismo e à divisão sexual do trabalho; a formação política de militantes historicamente restrita ao espaço doméstico; e a tripla opressão das mulheres negras (classe, raça e sexo).

Já a socióloga Tatau Godinho tratou sobre o tema da economia do cuidado e como as mulheres são impactadas. Para ela, é fundamental aproximar o debate da luta coletiva, extraindo o olhar e a prática individual que o neoliberalismo imputou sobre o ato de cuidar, que recai principal e essencialmente sobre as mulheres, com destaque especial para as mulheres negras e periféricas. 

Para buscar reverter esse cenário, a companheira defendeu a importância do trabalho na agenda feminista do PT: “Se nós queremos o mundo com igualdade tem que ter autonomia e igualdade para as mulheres. Caso contrário, a gente não se contrapõe à desigualdade. Queremos igualdade social e política. Por isso precisamos de ter políticas sociais e políticas de trabalho”.

A pesquisadora Sofia Toledo tratou sobre os principais dados da pesquisa da FPA/SESC relacionados às mulheres negras e periféricas; análise dos principais desafios de demandas sócio-econômicas dessas mulheres.

Importância do Circuito

O Circuito Elas Por Elas de Formação nasce com o propósito de consolidar um programa contínuo, que atende às diferentes camadas de aprendizagem que acompanham a trajetória das mulheres no partido.

A Secretaria Nacional de Mulheres, em conjunto com a Fundação Perseu Abramo, tem atuado para ampliar e descentralizar os processos formativos, com linguagem acessível e conexão com os territórios. A experiência da Nova Primavera e os resultados do Elas Por Elas nos últimos anos demonstram a força dessas iniciativas na ampliação da presença de mulheres petistas em cargas estratégicas.

Diante desse cenário, o projeto de formação proposto busca enraizar-se nos territórios e fortalecer a atuação das mulheres no PT, com ações formativas que aprofundem o feminismo popular e o engajamento político das filiadas.

Sendo maioria no partido, não eleitorado e na população brasileira, as mulheres precisam de formação que respeite seus saberes, conectem suas trajetórias aos sistemas estruturantes da desigualdade – patriarcado, racismo e capitalismo – e fortaleçam seu papel como sujeito coletivo na transformação da sociedade e da política. Mais do que considerar as opressões, é preciso construir instrumentos para combatê-las. O despertar da consciência feminista e de classe pode abrir caminho para um novo horizonte. Um futuro em que todos esperamos seguir em frente – até que sejamos, enfim, livres.

Como parte do processo de construção da formação, foi realizada pesquisa e escuta para compreender ainda mais quem são e o que pensam os militantes do PT. O resultado mostrou que mais de um milhão de mulheres integraram o maior partido da América Latina. O número deixa evidente o potencial e a força que a militância feminina petista pode exercer nas eleições, seja como candidatas, seja como eleitoras e mobilizadoras. 

Da Redação do Elas por Elas