Partido dos Trabalhadores

PT pede abertura de inquérito criminal contra Bolsonaro por abandonar PNI

Representação foi apresentada ao MPF pelo líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG). Sob a gestão de Queiroga, Programa de Imunizações está há mais de cinco meses sem coordenação

@projetemos/SP

O Programa Nacional de Imunizações foi deixado à deriva pelo desgoverno Bolsonaro

O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (MG), apresentou nessa terça-feira (28), na Procuradoria Regional da República no Distrito Federal, uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Na ação, o petista pede ao Ministério Público Federal a instauração de Inquérito Civil Público para investigar a omissão das autoridades no abandono do Programa Nacional de Imunização (PNI), há mais de cinco meses sem uma coordenação nacional. A peça é assinada por todos os parlamentares da Bancada do PT na Câmara.

Na representação, o líder petista lembrou que o PNI – criado em 1973 – é um dos maiores programas de cobertura vacinal do mundo e tem reconhecimento internacional de entidades como a Organização Mundial da Saúde e várias nações do mundo. Reginaldo Lopes acusou o governo Bolsonaro de abandonar o programa por conta de ideologias “negacionistas e ultrapassadas”. A última coordenação do PNI foi exercida até o dia 7 de julho, quando a então diretora do programa, Franciele Fontana, deixou o cargo.

“Assim, num período em que mais de 20 milhões de brasileiros foram acometidos pela doença e outros 620 mil perderam suas vidas, um dos principais programas de enfrentamento da pandemia é flagrantemente negligenciado e abandonado pelos Representados (Bolsonaro e Queiroga), na medida em que em detrimento da vida e da proteção vacinal dos brasileiros, se apegam a questões ideológicas negacionistas e ultrapassadas, sem qualquer compatibilidade com a realidade vivenciada pela nossa sociedade”, afirmou.

Omissão criminosa

Segundo o líder petista, essa atitude caracteriza “grave e indiscutível omissão criminosa dos Representados (Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga)”, apontando ainda a violação dos Artigos 1º, III, 6º, 196 e 107 da Constituição Federal, que tratam da “dignidade da pessoa humana”, e de direitos sociais e deveres do Estado como o oferecimento de serviços e ações de saúde.

“O direito à saúde é direito constitucional basilar e de atendimento impostergável, refletido em norma de que a saúde é direito universal e de responsabilidade do Poder Público, em todos os seus níveis, e com vistas não somente à redução da incidência de doenças, como também à melhora das condições e qualidade de vida dos cidadãos em geral e, sobretudo, do direito à vida e sua preservação”, observam os deputados e deputadas petistas no documento.

O parlamentar observou ainda na ação que as omissões e negligências do presidente da República e de seu ministro de Estado, “incapazes de apresentar até mesmo um Coordenação Nacional do PNI, tem agravado a inação com que se enfrenta e se enfrentou, de forma desordenada, o avanço da Covid-19 no País e, nesse momento, de outras doenças (influenza, por exemplo) ”.

Ação civil pública contra Bolsonaro

“Os interesses privados, políticos e as convicções negacionistas dos Representados, não podem prevalecer sobre a ciência e a necessidade de proteção eficiente da saúde da população brasileira”, destacou Reginaldo Lopes na representação.

Além da instauração de Inquérito Civil Público, o líder do PT também pede na ação que, ao final dessa fase, seja também aberta uma Ação Civil Pública para responsabilizar pessoalmente Jair Bolsonaro e Marcelo Queiroga pelas omissões ilegais e inconstitucionais apontadas na representação.

Entendendo haver tipificação de delitos criminais, Reginaldo Lopes solicita ainda que seja encaminhada cópia da representação para o Procurador-Geral da República, “para as providências que lhe compete”.

Do PT na Câmara